Nos dias 26 e 27 de julho, o Mercado da Lagoinha, em Belo Horizonte, se transforma em um território de resistência e celebração da cultura afro-brasileira durante a IV Mostra Brasil Afro Moda. Com entrada gratuita, o evento — realizado pela Associação Nacional da Moda Afro Brasileira (ANAMAB) — integra as comemorações do “Julho das Pretas” e traz como tema “Minas é o Mundo e o Mundo é África”, destacando a influência africana na identidade mineira e brasileira.
A programação diversa inclui desfiles de marcas afrocentradas (como a Black Vika, com a coleção “Búzios de Axé”), oficinas (de cuidados com cabelos crespos e biojoias), rodas de negócios, batalhas de rima femininas e lançamentos literários. No sábado (26), destaque para o show de reggae da banda Keyroga & Banda Kalimba, às 19h30. No domingo (27), o Samba da Januário, comandado por Fran Januário, encerra o evento com batidas que conectam tradição e contemporaneidade.
Segundo Makota Kisandembu Ifafémi Agboola, coordenadora da Mostra e presidente da ANAMAB, a iniciativa surgiu em 2013 durante o Festival de Arte Negra (FAN) e hoje se consolida como um espaço de economia criativa negra. “Queremos recriar um mercado à moda dos antigos comércios africanos, onde havia troca, afeto e ancestralidade”, explica. O Mercado da Lagoinha, local escolhido para o evento, reforça essa conexão por sua histórica relação com a cultura negra na capital mineira.
Além da moda, a literatura ganha espaço com o lançamento dos livros “Modativismo”, da estilista e ativista Carol Barreto, e “Poesia à Revolução”, de Marco Pereira. A Coletiva NuTrilhar promove batalhas de rimas que amplificam vozes femininas, enquanto oficinas práticas, como a de cerâmica com o mestre Wander Marcílio, resgatam saberes tradicionais.
Com mais de 20 marcas expositoras, a Mostra Brasil Afro Moda consolida-se como um evento plural — onde moda vira instrumento de afirmação política, a música vira ponte entre gerações e a gastronomia conta histórias. Uma celebração gratuita e aberta a todos que reconhecem: o futuro é ancestral.