Revista Raça Brasil

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Trump se mete em outra polêmica envolvendo racismo no esporte

Em mais uma de suas declarações controversas, o presidente Donald Trump voltou a defender símbolos que há muito tempo foram reconhecidos como ofensivos por comunidades indígenas. No domingo (20), ele usou as redes sociais para pedir que o time de futebol americano Washington Commanders retome o antigo nome “Redskins” — abandonado em 2020 por ser considerado um termo racista e desrespeitoso com a história dos povos originários dos Estados Unidos.

Trump ainda ameaçou impedir a construção de um novo estádio para a equipe, caso o nome não volte a ser usado. Além disso, atacou o time de beisebol Cleveland Guardians, pedindo o retorno do nome “Indians”, também descartado em 2021 após décadas de críticas por seu estereótipo reducionista e ofensivo.

As declarações ocorrem num momento em que Trump tenta reacender bandeiras conservadoras que marcaram sua base eleitoral, apelando à nostalgia de um passado que excluía vozes indígenas e negras das discussões públicas. Ao afirmar — sem apresentar provas — que os próprios povos indígenas desejam o retorno desses nomes, Trump ignora anos de mobilizações, protestos e pesquisas que mostram o contrário: essas comunidades pedem respeito, escuta e reparação histórica.

O uso de nomes como “Redskins” e “Indians” não é apenas uma questão de escolha estética. Eles carregam, por trás, séculos de apagamento cultural, violência simbólica e apropriação da identidade de povos que foram sistematicamente perseguidos. Quando uma figura pública de alcance global ignora esse contexto, ela reforça uma estrutura que banaliza dores históricas em nome de interesses políticos.

O presidente dos Guardians, Chris Antonetti, respondeu com sobriedade: “Entendo que há diferentes perspectivas sobre a decisão tomada há alguns anos. Tivemos a chance de construir a marca como Guardians e estamos animados com o que vem pela frente.”

A fala de Trump também ocorre em meio a críticas sobre sua recusa em divulgar arquivos ligados a Jeffrey Epstein, e revive outros episódios do passado, como sua defesa de estátuas confederadas após o assassinato de George Floyd.

Neste cenário, vale uma reflexão mais ampla: quantas vezes vozes historicamente silenciadas são tratadas como obstáculos, e não como parte essencial da construção de uma sociedade justa? A luta dos povos indígenas por respeito à sua cultura e identidade se conecta, inclusive, com a luta de outras comunidades racializadas — como a população negra — por espaço, dignidade e reconhecimento.

A tentativa de retomar nomes rejeitados por reforçarem o racismo é um retrocesso. Mas também é uma lembrança de que o avanço só é possível quando se ouve quem mais foi ignorado pela história.

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