A cantora Billie Eilish gerou polêmica durante um show na Irlanda no último sábado (26), ao fazer um comentário que muitos consideraram racialmente insensível. Ao interagir com o público, ela afirmou: “Sabe, é muito legal estar aqui porque eu sou irlandesa. Todo mundo aqui se parece muito comigo, tipo, muito, muito, muito, muito, muito brancos. Enfim…”. A declaração, proferida durante sua turnê Hit Me Hard and Soft, viralizou nas redes sociais e despertou críticas de fãs ao redor do mundo, incluindo no Brasil, onde a artista cancelou uma apresentação prevista para setembro.
A situação alimentou debates sobre representatividade e sensibilidade no discurso de artistas globais. Enquanto alguns defendem que a fala foi apenas um mal-entendido ou uma brincadeira desastrosa, outros veem nela um reflexo de um desconforto maior em relação a como celebridades lidam com questões raciais em contextos internacionais. A polêmica também resgatou memes e críticas irônicas de fãs brasileiros, que associaram o ocorrido ao cancelamento do show no país.
O comentário de Billie Eilish sobre a brancura do público irlandês ganhou contornos ainda mais delicados ao ser contrastado com o cancelamento de seu show no Brasil – país conhecido por sua miscigenação e diversidade étnica. A ironia não passou despercebida: enquanto na Irlanda ela destacava a homogeneidade racial como um ponto de identificação, sua ausência no palco brasileiro, onde a pluralidade de cores e culturas é marca registrada, levantou questionamentos sobre como artistas globais enxergam (ou ignoram) a complexidade demográfica de seus fãs ao redor do mundo.
A situação expõe uma desconfortável dicotomia: será que a indústria musical internacional, mesmo em sua era mais conectada, ainda trata a representatividade como um detalhe geográfico, e não como um pilar essencial