Nos últimos anos, a moda capilar entre homens e mulheres negras passou por uma transformação significativa, marcada pela valorização das texturas naturais e pela quebra de padrões estéticos. Uma matéria publicada pela Revista Raça há cinco anos, evidenciou que o movimento Black Power ganhou ainda mais força, com crespas, cacheadas e afros sendo exibidos com orgulho nas ruas, nas passarelas e nas redes sociais. O uso de químicas alisantes diminuiu drasticamente, enquanto técnicas como twist out, braids e locs se popularizaram, refletindo uma reconexão com as raízes africanas.
Para as mulheres negras, os penteados trançados e os turbantes se tornaram símbolos de resistência e identidade. Estilos como box braids, fulani braids e cornrows ganharam visibilidade global, influenciados por celebridades como Beyoncé e Lupita Nyong’o. A Revista Raça destacou que, em 2020, houve um aumento de 40% nas buscas por trançadeiras profissionais, impulsionado pelas redes sociais, onde tutoriais e dicas de cuidados viraram febre. Além disso, a adoção de produtos naturais, como óleos e manteigas vegetais, reforçou a importância da saúde capilar.
Já entre os homens negros, o black power e o low cut mantiveram-se como clássicos, mas com releituras modernas. Cortes degradê com desenhos personalizados (hair designs) viraram tendência, assim como o uso de dreadlocks e twists. A Revista Raça apontou que, em 2021, muitos homens passaram a adotar texturas mais volumosas, abandonando o alisamento em busca de uma estética mais autêntica. Influenciadores digitais, como Érico Brás e Raphael Vicente, foram essenciais nesse movimento, mostrando que cabelo crespo é sinônimo de estilo e sofisticação.
A indústria da beleza também se adaptou a essa demanda. Marcas especializadas em produtos para cabelos cacheados e crespos, como Beleza Natural e Soul Natural, expandiram suas linhas, enquanto grandes empresas passaram a incluir diversidade em suas campanhas. A Revista Raça ressaltou que, em 2022, pela primeira vez, um salão especializado em cabelos afro foi premiado no São Paulo Fashion Week, mostrando a força do mercado afrocentrado.
Nas redes sociais, hashtags como #CabeloCrespoÉLindo e #TransiçãoCapilar viralizaram, criando comunidades de apoio e troca de experiências. A Revista Raça destacou que, em 2023, mais de 60% das mulheres negras entrevistadas afirmaram se sentir mais confiantes ao assumirem seus fios naturais. Essa mudança de mentalidade reflete um cenário onde a autoestima e a representatividade andam juntas.
Cinco anos depois, fica claro que a revolução capilar na comunidade negra foi além da estética: tornou-se um ato político de autoafirmação. Como mostrou a Revista Raça, cada penteado, cada trança e cada corte carrega uma história de resistência, mostrando que a beleza negra é diversa, potente e, acima de tudo, livre.