E se a história do Brasil tivesse sido escrita com a presença real do povo negro na construção da Constituição? É esse o exercício de imaginação — e reparação — que a exposição “Constituinte do Brasil Possível” propõe. Aberta ao público a partir desta quarta-feira (6), a mostra ocupa o hall do Plenário do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em Brasília, e segue até 26 de setembro, com entrada gratuita.
Mais do que uma exposição, é um respiro de esperança. O público vai encontrar obras que contam uma outra história do Brasil — aquela que pulsa nas raízes, nos terreiros, nas periferias e nas comunidades esquecidas, mas que sempre estiveram aqui. Nomes potentes como Abdias do Nascimento, referência eterna da cultura afro-brasileira, estão presentes com obras como Xangô Rei, de 1998, símbolo de resistência e fé ancestral.
A mostra reúne mais de 20 artistas negros de diferentes regiões, incluindo nomes locais como Pamella Wyla, de Ceilândia, com o quadro Tatara Nenê criou raiz, Talles Lopes, de Goiânia, e Dalton Paula, com sua obra Nilo Peçanha.
“Essa exposição é uma convocação à escuta e ao olhar sensível para outras histórias possíveis. Um país onde todos têm voz e lugar”, afirma a juíza Karen Luise, embaixadora da mostra.
Além de refletir sobre o passado apagado, a exposição convida o público a imaginar novos futuros: mais plurais, democráticos e antirracistas. Com recursos de acessibilidade e visitas mediadas, o projeto promove inclusão real.
Para Adriana Cruz, secretária-geral do CNJ, trazer obras negras para o espaço do Judiciário é um passo importante na luta por equidade:
“É afirmar que a memória, a arte e a ancestralidade também constroem Justiça.”
A mostra integra o programa Justiça Plural, parceria do CNJ com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), que busca ampliar o acesso à Justiça a grupos historicamente excluídos.