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RAÇA e muita Cultura nos 37 anos da Fundação Cultural Palmares

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Zulu Araujo

É Arquiteto, Mestre em Cultura e Sociedade e Doutor em Relações Internacionais pela UFBA. Ex-presidente da Fundação Palmares.

No último dia 22 de agosto, a Fundação Cultural Palmares completou 37 anos de existência. Em que pese ter sofrido fortes ataques, que por pouco não a destruíram, ao longo do último governo, a Fundação Palmares resiste.

Criada em 1988, ano do Centenário da Abolição da Escravatura, após mobilização gigantesca do movimento negro brasileiro, a Palmares possui importância central para a sociedade brasileira, visto que um objetivo nobre que é o de promover a inclusão plena do negro em nossa sociedade, por meio da preservação, valorização e difusão das manifestações de origem negra no país.

Além disso, a Fundação Palmares, foi a primeira instituição criada pelo Estado brasileiro para o combate ao racismo e a promoção da igualdade racial no país.

Essa foi uma das maiores vitórias da comunidade negra no século passado.

Outro elemento importante e que não pode ser esquecido é que a Fundação Palmares foi criada no contexto de redemocratização do país, fato este que a torna mais singular ainda, pois foi parte integrante desse processo que permeou a sociedade como um todo e que permitiu as eleições para Presidência da República, Governadores de Estado e Prefeitos das Capitais.

Nesse sentido, a Palmares tem dado contribuições importantes para o desenvolvimento democrático do Brasil ao reforçar o protagonismo da população negra (que é maioria – 56%) na formação da identidade do nosso país.

E faz isso, ao preservar acervos, arquivos e registros que contam a história da população negra, assim como ao fortalecer a memória de resistência negra, dando visibilidade a heróis e movimentos historicamente marginalizados.

O reconhecimento, a certificação e o apoio aos territórios remanescentes de quilombos é outro exemplo inequívoco dessa contribuição.

Atualmente sob a Presidência de João Jorge dos Santos Rodrigues (ex Presidente do Grupo Cultural Olodum), a Fundação Palmares ainda se recupera dos danos sofridos, mas com sinais claros de que com a experiência e a capacidade do atual Presidente, muito em breve retomará sua contribuição cultural de forma plena.

Nesse sentido, o apoio da Ministra da Cultura Margareth Menezes, tem sido fundamental, até porque ela é oriunda desse processo, iniciado na Bahia, como o movimento dos blocos afros. Aliás, sua presença nas celebrações de aniversário da Fundação Palmares, não deixou dúvidas quanto a seu compromisso para com a promoção da igualdade racial por meio da cultura.

Nas celebrações deste ano, muitas personalidades da comunidade negra estiveram presentes: o jornalista Maurício Pestana (CEO da Revista Raça, a primeira e mais longeva revista negra do país) e que também é foi Secretário de Promoção da Igualdade Racial da maior cidade brasileira (São Paulo), além de ser um grande artista (cartunista) e um dos grandes ativistas da luta antirracista no Brasil, o ator Antônio Pitanga (diretor do filme “Malês” que estreará no próximo dia 02 de outubro, contando a história das lideranças que organizaram o maior levante de escravizados do Brasil), Antônio Carlos dos Santos Vovô (Presidente do Ilê Aiyê) e Carlos Moura (Primeiro Presidente da Fundação Palmares e um dos mais importantes lideranças negras do país).

Diante da gravidade do momento político contemporâneo que estamos vivendo, onde os direitos fundamentais das populações negras, estão sendo questionados, (quando não suprimidos), o trabalho da Fundação Palmares, torna-se mais relevante ainda, por conta dos desafios que se apresentam, a exemplo de concretizar em realidade, a igualdade formal e material daquilo que está garantido na Constituição de 1988, no seu Artigo 5º, de que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza”.

Essa publicação é fruto de uma parceria especial entre a Revista Raça Brasil e o Fórum Brasil Diverso, evento realizado pela Revista Raça Brasil nos dias 10 e 11 de novembro, que celebra a diversidade, a cultura e a potência da música negra brasileira. Não perca a oportunidade de participar desse encontro transformador — inscreva-se jáhttp://www.forumbrasildiverso.org

Toca a zabumba que a terra é nossa!

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