Os conselhos administrativos são, sem dúvida, a última fronteira a ser alcançada pelos grupos historicamente discriminados. É notável que, mesmo com os avanços em diversas áreas, a presença de pessoas negras e mulheres nesses espaços ainda é quase inexistente.
Minha jornada nesses ambientes começou de forma marcante no Conselho de Políticas Culturais do Ministério da Cultura, à época sob a liderança do ministro Gilberto Gil. Essa experiência inaugural foi um divisor de águas, mostrando-me o impacto que podemos ter quando nos é dada a oportunidade de contribuir em níveis mais altos de decisão em uma instituição pública ou privada.
Logo após essa experiência, tive a honra de participar do conselho administrativo do Museu Afro, a convite do amigo e curador Manoel Araújo. Esse desafio foi particularmente complexo, onde pude vivenciar os embates de uma instituição que lutava para se firmar como o maior espaço museológico negro da América Latina — algo extremamente enriquecedor.
Em seguida, tive a oportunidade de contribuir como conselheiro no Fundo Baobá, onde pude aprofundar ainda mais meu entendimento sobre a importância da representação pragmática em conselhos.
Após um curso no IBGC, veio a primeira chance de ingressar em um conselho privado: hoje faço parte do board do Alicerce Educação. Essa experiência me permitiu aplicar meus conhecimentos em um contexto empresarial, demonstrando que diversidade e inclusão são fundamentais para o sucesso de qualquer organização.
Nesta semana, após 15 anos, fui reconduzido por unanimidade ao conselho administrativo do Museu Afro. Essa recondução não apenas reflete o reconhecimento do meu trabalho, mas também me traz uma sensação de responsabilidade ainda maior, pois hoje tenho ciência de que minha presença nesses espaços vai além da representação; é uma esperança para que outros possam seguir meus passos. É crucial que continuemos a abrir caminho para que mais pessoas de grupos sub-representados possam ocupar posições de liderança e influência nos conselhos.
Acredito firmemente que a diversidade nesses espaços administrativos não é apenas uma questão de justiça social, mas também um fator-chave para a inovação e o sucesso das organizações. Ao trazer diferentes perspectivas e experiências para a mesa, podemos tomar decisões mais informadas e criar soluções mais eficazes. Minha experiência nessas instâncias de poder me ensinou que, juntos, podemos superar barreiras e construir um futuro mais inclusivo e equitativo para todos.
Essa publicação é fruto de uma parceria especial entre a Revista Raça Brasil e o Fórum Brasil Diverso, evento realizado pela Revista Raça Brasil nos dias 10 e 11 de novembro, que celebra a diversidade, a cultura e a potência da música negra brasileira. Não perca a oportunidade de participar desse encontro transformador — inscreva-se já http://www.forumbrasildiverso.org