Revista Raça Brasil

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Lavagem de Madeleine: Cultura afro-brasileira chega a Paris

Em Paris, a 24ª edição da Lavagem de Madeleine reuniu cerca de 60 mil pessoas em uma celebração marcada pela força da cultura afro-brasileira. Inspirado na tradicional Lavagem do Bonfim, de Salvador, o cortejo percorreu quatro quilômetros da Place de la République até a Igreja da Madeleine, colorindo as ruas com música, dança e espiritualidade. Mais de 700 artistas participaram da festa, levando maracatus, capoeira, batucadas e o gingado das baianas para o público francês.

O evento se consolidou como um dos maiores marcos da diáspora cultural brasileira na Europa, sendo reconhecido pela Unesco como parte da Rota dos Escravizados e inserido na programação oficial de Paris e do Ano Cultural Brasil-França. O palco foi tomado por nomes de peso como Olodum, Armandinho Macêdo e Jau, além da participação especial do grupo Batala, símbolo da percussão afro-baiana espalhada pelo mundo.

Um dos momentos mais simbólicos foi a lavagem das escadarias da Igreja de Madeleine. O ritual foi conduzido por Pai Pote, do terreiro Ilê Axé Ojú Onirê, em parceria com um padre católico, reforçando o sincretismo religioso e a convivência entre diferentes tradições de fé. O gesto simbolizou não apenas a purificação, mas também a união de culturas e espiritualidades em um espaço de visibilidade global.

A festa também homenageou duas mulheres de destaque: a cantora Preta Gil, reconhecida por sua trajetória artística e por levantar pautas de resistência, e a jornalista Wanda Chase, referência no jornalismo cultural baiano. As homenagens reforçaram a presença feminina negra na preservação e difusão das tradições afro-brasileiras.

Mais do que uma celebração, a Lavagem de Madeleine reafirma a potência da cultura afro-brasileira como patrimônio imaterial que atravessa fronteiras. Ela funciona como espaço de resistência simbólica contra o racismo e a marginalização, transformando ruas parisienses em cenário de afirmação identitária e memória coletiva.

O evento mostra que a cultura afro-brasileira não se restringe ao Brasil, mas se espalha e ganha novos sentidos na diáspora, aproximando comunidades, educando públicos diversos e fortalecendo o reconhecimento internacional dessa herança histórica.

 

Essa publicação é fruto de uma parceria especial entre a Revista Raça Brasil e o Fórum Brasil Diverso, evento realizado pela Revista Raça Brasil nos dias 10 e 11 de novembro, que celebra a diversidade, a cultura e a potência da música negra brasileira. Não perca a oportunidade de participar desse encontro transformador — inscreva-se jáhttp://www.forumbrasildiverso.org

 

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