O espetáculo “Pretas do Brasil”, apresentado por Isabel Fillardis em Brasília, transforma-se em uma grande celebração do legado de mulheres negras que marcaram a música nacional. Mais do que uma apresentação artística, a iniciativa reafirma o papel dessas artistas na construção da identidade cultural do país, resgatando memórias e projetando referências para novas gerações.
Entre as homenageadas estão Elza Soares, Dona Ivone Lara e Sandra de Sá, ícones que representam diferentes estilos e épocas da música brasileira. Cada uma delas construiu uma trajetória singular, carregada de força, criatividade e resistência, em um ambiente marcado por barreiras raciais e de gênero. Ao revisitá-las no palco, Isabel não apenas interpreta suas canções, mas também atualiza suas histórias para o público de hoje.
O espetáculo carrega uma dimensão que vai além da arte. Ao dar protagonismo às vozes negras femininas, Fillardis se coloca contra o apagamento histórico e traz à tona a importância de reconhecer mulheres que, mesmo com carreiras de sucesso, muitas vezes não receberam a mesma valorização que seus pares masculinos ou brancos. É, portanto, uma forma de reparação e valorização cultural.
Isabel Fillardis, conhecida por seu trabalho como atriz em novelas, cinema e teatro, mostra sua versatilidade ao assumir o palco com um projeto musical de grande significado. Mais do que cantar, ela conduz uma narrativa que conecta a ancestralidade à contemporaneidade, criando um espetáculo que emociona, provoca e inspira.
Realizado em Brasília, o show ganha ainda mais relevância por ecoar vozes de resistência em um território simbólico para a política e para os debates sociais do país. Ao colocar a cultura preta no centro do palco, a apresentação ressalta sua potência e sua capacidade de dialogar com temas urgentes sobre identidade e representatividade.
Dessa forma, “Pretas do Brasil” não se limita a entreter: ele emociona, provoca reflexões e reafirma a importância de reconhecer quem pavimentou caminhos para que hoje outras artistas possam brilhar. É uma homenagem que transforma memória em presença viva e mostra que a música, quando aliada à consciência social, é uma poderosa forma de resistência.