Revista Raça Brasil

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Liderança Negra no Direito: Desafios e Horizontes

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PMR Advocacia

Fabiano Machado da Rosa: Advogado especialista em Compliance Antidiscriminatório e Fundador da PMR Advocacia e Paulo Petri é Advogado, mestre em ciência política, fundador da PMR Advocacia.

Ser negro no mercado jurídico brasileiro é, muitas vezes, carregar uma sobrecarga invisível. Não basta ter diploma, competência e dedicação: exige-se também a busca por formações complementares, fluência em línguas, presença impecável em audiências e reuniões. O peso da imagem e da reputação se multiplica quando se trata de romper estigmas que ainda insistem em limitar o olhar sobre a capacidade de advogados e advogadas negros.

A liderança, nesse contexto, não nasce apenas do talento. Ela é construída com estratégia, com redes de apoio, com o cuidado em cultivar uma presença que inspire confiança e abra portas. O networking, palavra que parece fria, na verdade é uma chave essencial para a inclusão: quem está à margem dos círculos tradicionais precisa inventar novas formas de conexão, alianças capazes de sustentar trajetórias de ascensão.

Mas há outro ponto vital: ampliar a visão sobre o papel da advocacia negra. É necessário ir além dos campos associados quase exclusivamente à militância — como direitos humanos ou direito antidiscriminatório — para ocupar também territórios de poder estratégico. O futuro da profissão passa por áreas como direito corporativo, mercado de capitais, inteligência artificial, energia, infraestrutura. É nessas frentes que se desenham as grandes oportunidades para quem deseja ingressar em escritórios de ponta ou mesmo criar bancas próprias capazes de disputar espaço em igualdade.

É animador perceber que iniciativas vêm transformando esse cenário. O Incluir Direito, projeto conduzido pelo CESA (Centro de Estudos das Sociedades de Advogados), já capacitou centenas de jovens negros, oferecendo não apenas preparo técnico, mas também orientação prática para processos seletivos. O Prêmio Innovare reconheceu esse esforço, celebrando a inovação social que nasce quando diversidade deixa de ser discurso e se torna prática. Da mesma forma, a reserva de cotas raciais para conselhos da OAB é outro passo que sinaliza a importância de se garantir presença negra nos espaços de decisão.

Olhando para fora, aprendemos com a experiência norte-americana. Lá, a inclusão de advogados negros em grandes firmas e instituições jurídicas não apenas fortaleceu o sistema de justiça, mas também consolidou um modelo de equidade que inspira. A presença de lideranças negras no direito foi decisiva para a criação de uma cultura jurídica mais plural, inovadora e conectada à realidade da sociedade.

No Brasil, há motivos para otimismo. Cada vez mais jovens negros ingressam nos cursos de Direito, ampliando a base de talentos. Cresce também a representatividade em cargos públicos: magistratura, Ministério Público, polícia civil, diplomacia. Cada nome que chega a esses espaços abre uma porta para muitos outros.

O caminho ainda é desafiador, mas não há dúvida: estamos em movimento. Uma geração de profissionais negros está pronta para ocupar os lugares que lhe foram negados por tanto tempo. E o faz com coragem, competência e visão de futuro. A advocacia brasileira só tem a ganhar com essa transformação.

 

Essa publicação é fruto de uma parceria especial entre a Revista Raça Brasil e o Fórum Brasil Diverso, evento realizado pela Revista Raça Brasil nos dias 10 e 11 de novembro, que celebra a diversidade, a cultura e a potência da música negra brasileira. Não perca a oportunidade de participar desse encontro transformador — inscreva-se já www.forumbrasildiverso.org

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