Revista Raça Brasil

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USP anula aprovação em primeiro lugar de professora negra em concurso para Literaturas Africanas

A professora doutora Érica Bispo, reconhecida pesquisadora das literaturas africanas de língua portuguesa, foi aprovada em primeiro lugar no concurso para a cadeira de Literaturas Africanas da Universidade de São Paulo (USP). Especialista em literatura da Guiné-Bissau e referência internacional na área, Érica conquistou a vaga com notas altíssimas e teve sua aprovação homologada pelo colegiado responsável.
Apesar do resultado incontestável, a vitória de Érica Bispo, única mulher e única pessoa negra entre os concorrentes — gerou insatisfação entre os demais candidatos, todos brancos. Segundo relatos, esses candidatos questionaram sua competência e alegaram que ela não teria o “perfil” adequado para ocupar o cargo na USP, uma das universidades mais prestigiadas da América Latina.
As tentativas de deslegitimar a conquista de Érica foram inicialmente rejeitadas. O colegiado da instituição revisou todas as etapas do concurso e confirmou a lisura do processo, reafirmando a aprovação da professora. No entanto, os concorrentes recorreram à Justiça comum. Quando o caso chegou à Procuradoria da USP, a universidade acatou a decisão e anulou o concurso, revertendo uma vitória alcançada por mérito e comprovada excelência acadêmica.
A decisão reacende um debate urgente sobre racismo institucional no ambiente acadêmico. Por que uma mulher negra, mesmo aprovada com distinção, precisa comprovar repetidamente sua competência? O que leva a instituição a questionar um resultado validado por seus próprios critérios e colegiados?
Enquanto os seis concorrentes brancos insistem em contestar a aprovação, a comunidade acadêmica e movimentos sociais destacam que o episódio evidencia a resistência ainda presente à presença de pessoas negras em cargos de prestígio intelectual. A anulação do concurso de Érica Bispo é vista por muitos como um retrocesso, não apenas para a equidade racial, mas também para a legitimidade das próprias instituições de ensino superior.
Revogar essa anulação e garantir a posse da professora Érica Bispo não é apenas uma questão de justiça individual, mas de reparação simbólica e histórica. Uma mulher negra, retinta, que alcança a excelência acadêmica por mérito, não deveria ter sua competência anulada pela cor de sua pele, sobretudo em uma cadeira que trata justamente das literaturas africanas de língua portuguesa.
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