Revista Raça Brasil

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Propaganda do Governo do Piauí gera debate sobre estereótipos raciais e responsabilidade na mídia

Uma campanha do Governo do Piauí reacendeu discussões importantes sobre responsabilidade e representatividade na comunicação. A peça, que promovia um programa de rastreamento e recuperação de celulares roubados, foi duramente criticada após exibir dois jovens negros furtando o celular de um rapaz branco.

O vídeo, divulgado nas redes sociais pelo governador Rafael Fonteles (PT), tinha tom leve e até humorístico. Nele, a vítima agradece aos policiais por recuperar o aparelho, e o governador escreveu na legenda:

“Desta vez, o Valdir levou um susto quando teve o celular roubado. Mas a Mona mostrou que agora tem facilidade: é possível resolver tudo direto pelo zap.”

Mas o que parecia uma simples ação de divulgação virou motivo de indignação. Para muitas pessoas, a escolha de colocar jovens negros como autores do furto reforça estereótipos raciais antigos e nocivos — associando a cor da pele à criminalidade.

O grupo Afro Progressistas, ligado ao PP, publicou uma nota afirmando que a propaganda “retrata pessoas negras de forma estereotipada, em tom sarcástico e cômico”, e que a peça “reforça o racismo estrutural que ainda persiste em nosso estado”.

Diante da repercussão, o governo do Piauí afirmou que não havia intenção racista na campanha, mas decidiu retirá-la do ar “em respeito às pessoas que se sentiram ofendidas”.

Mais do que uma polêmica passageira, o caso chama atenção para um tema urgente: o papel da comunicação na construção de imagens e narrativas sociais. A publicidade e a propaganda, especialmente quando veiculadas por órgãos públicos, têm poder de influenciar percepções, comportamentos e valores. Por isso, é essencial que haja olhar sensível e representatividade consciente em cada detalhe — desde o roteiro até a escolha de elenco.

Em tempos de tanta luta por igualdade racial e respeito à diversidade, é fundamental que o poder público e os profissionais de comunicação compreendam que não se trata apenas de “não ofender”, mas de assumir a responsabilidade de comunicar com empatia, cuidado e compromisso com uma sociedade mais justa e plural.

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