Nos palcos, ela é Maria Imaculada — a mulher que criou, com amor e firmeza, um dos maiores nomes da música brasileira. Fora deles, Aline Cunha carrega nas entrelinhas da personagem o retrato de muitas mães do Brasil: aquelas que amam, corrigem, se desdobram e seguem firmes, mesmo quando o mundo insiste em ser pesado demais.
Ao interpretar a mãe de Tim Maia (1942–1998) no musical que celebra a trajetória do cantor, Aline buscou algo muito além de referências técnicas — ela buscou verdade.
“Pensei nas mães que a gente tem no Brasil. Aquelas que fazem um carinho quando precisam, mas também dão bronca. Que puxam a orelha e, logo depois, abraçam. Que falam firme, mas sempre com amor. Esse equilíbrio de ternura e força é o que me guiou”, contou.
A atriz também se inspirou na própria história familiar e refletiu sobre a realidade de tantas mulheres negras que criam filhos em meio a desafios.
“Ser mãe de um homem negro é algo que carrega muitas camadas de amor e preocupação. Hoje já é difícil — imagina nos anos 1960. A dona Maria Imaculada não era só mãe, era também o sustento, a base, o alicerce de uma família inteira.”
Com emoção, Aline lembrou de como sua própria mãe influenciou a construção da personagem.
“Minha mãe é daquelas que brigam, mas depois abraçam. Que dizem o que precisa ser dito, mas nunca deixam faltar afeto. É esse amor imperfeito e real que tentei colocar em cada cena.”
Durante o processo, ela também contou com o apoio de Carmelo Maia, filho de Tim, que a ajudou a dar ainda mais autenticidade à personagem.
“Ele me disse que a dona Maria Imaculada nunca chamava o pai dele de Tim, e sim de Tião ou Sebastião. São esses detalhes que fazem a personagem respirar verdade”, compartilhou.
O musical “Tim Maia – Vale Tudo” estreou no dia 16 de outubro, no Teatro Claro MAIS, em São Paulo, e segue em cartaz até 21 de dezembro. O papel principal é interpretado por Thór Junior, que se preparou por 13 anos para viver o cantor nos palcos.
Mais do que um espetáculo, a peça é um retrato de maternidade, força e afeto — um lembrete de que, por trás de todo grande artista, quase sempre existe uma mãe que acreditou primeiro.