A icônica rainha dos vampiros Akasha, que conquistou os fãs no início dos anos 2000 com a cantora Aaliyah no filme A Rainha dos Condenados (2002), retorna na terceira temporada de Entrevista Com um Vampiro, também conhecida como Vampiro Lestat. Agora, o papel será vivido por Sheila Atim, uma atriz negra, mantendo a tradição de dar visibilidade a mulheres negras em papéis poderosos.
A série, baseada na obra de Anne Rice, acompanha a reinvenção de Lestat (Sam Reid) como astro do rock e o reaparecimento de Akasha, a criadora dos vampiros. Ainda sem data de estreia no Brasil, a produção já gera expectativa por manter uma escolha que vai além da aparência: é um gesto de inclusão e resistência, mostrando que mulheres negras também podem ocupar posições de protagonismo, até em histórias de fantasia e terror.
Historicamente, papéis como Akasha eram raros para atrizes negras. Depois de Aaliyah, que quebrou barreiras ao interpretar a personagem, poucas vampiras negras apareceram na cultura pop: Vanessa Brooks em Blade (1998), Katrina em Vamp (1986) e Ganja em Ganja & Hess (1973). Cada uma dessas interpretações abriu caminho para que novas representações acontecessem, mostrando que personagens míticos não precisam se limitar a estereótipos ou padrões eurocêntricos.
A importância de “enegrecer” personagens vai além da ficção. Segundo bell hooks, em Olhares negros: raça e representação, a criação de imagens é uma ferramenta antirracista: elas mudam a percepção sobre quem pode ocupar espaços de poder e influência. Mesmo que vampiros não existam, ver uma mulher negra como rainha, poderosa e desejada, é um ato de representatividade que ecoa na vida real.
Sheila Atim dá continuidade a esse legado, mostrando que a representatividade importa — e que o público se conecta, se inspira e se reconhece em personagens que até então pareciam inalcançáveis. É mais que entretenimento: é transformação cultural, é história sendo reescrita na tela.






