Em novembro, mês em que o Brasil volta os olhos para a Consciência Negra, Salvador será palco de uma homenagem poderosa: o espetáculo “Dandara na Terra dos Palmares”, uma celebração à mulher negra, à ancestralidade e à resistência.
A peça narra a trajetória de Dandara dos Palmares, guerreira e líder do maior símbolo de liberdade do país: o Quilombo dos Palmares. Esposa de Zumbi e figura essencial na luta contra a escravidão, Dandara representa a força, a sabedoria e o amor de um povo que se recusou a ser silenciado.
A primeira apresentação acontece nesta terça-feira (4), no Espaço Boca de Brasa de Valéria, com sessões gratuitas nos turnos da manhã e da tarde, às 9h30 e 14h30. Ao longo de novembro, o espetáculo também passará pelo Sesc Pelourinho, Espaço Xisto Bahia e pelos Bocas de Brasa de Coutos e Valéria.
Mais do que entreter, o projeto nasce como um ato de memória e valorização da cultura afro-brasileira, especialmente para as novas gerações. “Queremos que as crianças conheçam Dandara, saibam o que ela representa, e se sintam orgulhosas de suas raízes”, explica o autor e produtor Antônio Marques.
Escrito durante a pandemia, o texto surgiu de uma inquietação pessoal e de um gesto de amor. Marques conta que se inspirou no nascimento da sobrinha, Júlia, uma menina negra que o fez refletir sobre a importância de criar referências positivas e representativas desde cedo.
“Dandara é símbolo de coragem e dignidade. Levar sua história ao palco é também dizer a cada menina negra que ela é herdeira de uma força ancestral”, afirma o autor.
Com direção de Agamenon de Abreu e uma equipe de mais de 20 profissionais, o espetáculo faz parte do repertório da Arte Sintonia Companhia de Teatro. A montagem integra a programação do Salvador Capital Afro, com apoio da Secult e da Fundação Gregório de Mattos (FGM), reforçando o compromisso da cidade em preservar e celebrar as vozes que construíram sua história.
Mais do que uma peça, “Dandara na Terra dos Palmares” é um convite à reflexão — uma lembrança de que contar nossas histórias é também um ato de resistência, e que honrar quem veio antes é o primeiro passo para transformar o futuro.
