A escritora Ana Maria Gonçalves fez história ao se tornar a primeira mulher negra a ingressar na Academia Brasileira de Letras (ABL) na última sexta-feira. A cerimônia de posse foi um momento marcante, com a presença de figuras ilustres como Gilberto Gil, que não hesitou em abraçar a nova imortal.
Ana Maria Gonçalves é uma escritora de grande talento e reconhecimento, com uma obra que aborda temas importantes como a identidade negra e a história do Brasil. Seu livro “Um Defeito de Cor” é um exemplo disso, um romance histórico que explora a vida de uma mulher negra escravizada no Brasil do século XIX.
O livro é considerado um clássico contemporâneo e recebeu o prestigioso prêmio Casa de Las Américas em 2007. A obra é uma saga de 951 páginas que repassa a trajetória de Kehinde, menina negra capturada no Reino do Daomé (atualmente Benin) e trazida como escravizada para a Ilha de Itaparica, na Bahia, aos 8 anos de idade.
A história é inspirada na figura real de Luísa Mahin, importante líder da Revolta dos Malês, rebelião de escravizados que aconteceu na Bahia em 1835. O livro é uma carta da mãe para o filho, e explora temas como a maternidade, a identidade negra e a luta pela liberdade.
A presença de Gilberto Gil na cerimônia de posse de Ana Maria Gonçalves foi um momento especial. O cantor e compositor, que é um dos imortais da ABL, abraçou a nova integrante e celebrou a sua chegada à instituição.
“Isso representa que estamos vivos, permanecendo ativos nesse contexto variado de diversidades muitas e de todos os tipos: étnicas, culturais, religiosas, etc.”, disse Gil. A escritora Lilia Schwarcz também celebrou a eleição de Ana Maria Gonçalves, afirmando que ela “pensa o passado, interfere no presente e faz toda a diferença no futuro”.
A posse de Ana Maria Gonçalves na ABL é um marco importante para a literatura brasileira e para a representação da diversidade no país. É um reconhecimento do talento e da importância da obra da escritora, e um passo em direção a uma sociedade mais inclusiva e justa






