Revista Raça Brasil

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Com homenagem a Conceição Evaristo, festival evidencia a urgência da literatura negra no país

Realizado em Madureira, na Central Única das Favelas (CUFA), o primeiro Festival Literário da Igualdade Racial (FLIIR) consolidou-se como um dos eventos mais relevantes do calendário cultural voltado para a produção intelectual negra no Brasil. Paralelo à FLUP, o encontro reuniu autores, pesquisadores, artistas e ativistas para discutir memória, identidade e políticas de igualdade racial por meio da literatura e da oralidade.

Idealizado e curado por Thais Marinho, o festival prestou homenagem à escritora Conceição Evaristo — referência central da literatura contemporânea e criadora do conceito de “escrevivência”, que reconhece as experiências negras como matéria literária e instrumento político. O FLIIR também celebrou as irmãs Jeanne e Paulette Nardal, intelectuais fundamentais para o movimento da Négritude, embora historicamente invisibilizadas.

A programação trouxe debates sobre militância, educação, migração amefricana, feminismo negro, memória coletiva e políticas públicas, além de mesas com jovens escritores, leituras dramáticas, exibição de filmes e reflexões sobre tradições culturais e culinárias de matriz africana. O SLAM BR – Campeonato Brasileiro de Poesia Falada também integrou o evento, reunindo performers de diferentes estados em apresentações que reforçam a potência da palavra falada na periferia.

Para além das atividades, o FLIIR marcou um movimento mais amplo: o reconhecimento da literatura negra como ferramenta estruturante no debate racial no Brasil. Ao destacar Conceição Evaristo — cuja obra atravessa temas como ancestralidade, desigualdade, afeto e resistência — o festival reforçou a urgência de ampliar a presença, o acesso e a valorização de autores negros em espaços culturais e acadêmicos.

O encontro também evidenciou como as narrativas produzidas por mulheres negras seguem essenciais para compreender o país, suas contradições e possibilidades de futuro. Em um território simbólico como Madureira, o FLIIR reafirmou que a literatura preta não só resiste, como move estruturas e cria novas formas de existir, lembrar e narrar.

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