Na última segunda-feira (24), a Sala São Paulo foi tomada por aplausos, mas o coração da noite batia mesmo era em Belém. Em um momento carregado de emoção e simbolismo, Gaby Amarantos subiu ao palco para receber o prêmio de Música do Ano, da Billboard Brasil, com “Foguinho”. E, enquanto segurava o troféu, parecia carregar também a voz, a história e o sonho de tantos artistas amazônicos que, como ela, aprenderam a fazer arte em meio à luta.
A conquista não foi apenas de Gaby — foi da periferia belenense, das aparelhagens, das festas de bairro, das mulheres negras que levantam cultura com as próprias mãos, dos artistas que nunca desistem mesmo quando o Brasil demora a ouvir.
Foi uma vitória de quem não descola suas raízes da pele.
Emocionada, Gaby lembrou essa caminhada com a verdade de quem vive o que canta:
“Desde 2011, quando lancei meu primeiro álbum, o Treme, eu venho acreditando que o Brasil ia entender a música da periferia feita em Belém do Pará. E finalmente isso está acontecendo. Um movimento musical não se constrói do dia pra noite… fazemos tudo com muito amor. Muito obrigada! Foguinho é uma música que tá viral na internet.”
E assim, diante de artistas renomados como Tasha & Tracie, BK’, Ajuliacosta e Ludmilla, “Foguinho” brilhou — não só pelo sucesso nas plataformas, mas pela identidade amazônica que carrega.
A canção mistura ritmos, pulsos e estética das aparelhagens com o pop eletrônico que Gaby transformou em linguagem, com a ousadia de quem sempre acreditou no próprio lugar no mundo.
Não foi só um prêmio.
Foi um lembrete de que o Pará cria, inspira, movimenta.
De que a Amazônia não é apenas cenário — é fonte, é estética, é som, é potência.
“Foguinho” incendiou o país, mas o calor dessa vitória nasceu lá: no coração pulsante de Belém.







