A beleza negra está em todos os tons
Diversidade e multiplicidade são elementos que compõem a negritude desde o início. Quando nossos ancestrais africanos foram forçadamente aportados no Brasil, toda a variedade de culturas, corpos e identidades e etnias trazidas com com eles foi reduzida pelo colonizador branco à condição de escravizado.
No Brasil, que ainda hoje é estruturado pelo racismo, persiste a ideia de que o fenótipo de pessoas brancas é o ideal de beleza a ser alcançado e valorizado. Por isso, quanto mais clara a pele, mais liso o cabelo, mais finos os traços, menos preconceito racial essa pessoa só sofrerá. O colorismo é justamente isso, o tratamento diferenciado em razão do tom da pele e traços físicos. Trata-se de um mecanismo perverso, pois além de incentivar pessoas negras a tentar apagar suas marcas de negritude para serem mais bem aceitas socialmente, segrega e cria a ilusão de inserção da população negra nos espaços, enquanto mantém a exclusão de pessoas de pele escura.
Por muito tempo, pessoas retintas foram lidas como feias simplesmente por não se enquadrarem nos padrões da branquitude e a indústria da beleza fortaleceu esse preconceito. Por um lado, ao não comercializar produtos e cosméticos para nós, em especial as mais retintas – era simplesmente impossível encontrar uma base para o meu tom de pele -, e, por outro, ao oferecer produtos com a finalidade de nos tornar cada vez mais “embranquecidas”, passei anos sem me maquiar por me recusar ao tom errado!
Felizmente aos poucos isso tem mudado, as principais indústrias de beleza têm reconhecido nosso poder de consumo e a necessidade de também contemplar a parte preta da população, desenvolvendo produtos que respeitem nossa diversidade de tons, da pele negra mais clara à mais escura.
Quando falamos de beleza a partir de nós mesmas, devemos nos desprender da narrativa convencional e pensar na pluralidade de cada tom de pele, cada tipo de cabelo, de corpo e traços. Reconhecer o belo em nossa diversidade não é futilidade, é uma forma de enfrentamento, empoderamento e liberdade para sermos o que somos.
Nossa beleza não será mais definida por padrões outros, porque nos reconhecemos belas em toda nossa diversidade!
Para celebrar mais essa conquista e reconhecimento da mulher preta, preparamos para vocês um editorial lindo com vários tons de pele negra com dicas de maquiagem para você colocar para fora a rainha que já está por dentro!