A cada dez vítimas de estupro, quatro são crianças ou adolescentes negras

O estudo realizado pelo Núcleo de Estudos Raciais do Insper revela uma realidade alarmante sobre os casos de estupro no Brasil, especialmente entre crianças e adolescentes negras. De acordo com os dados levantados, aproximadamente 40% das vítimas de estupro no país são meninas negras e adolescentes, o dobro da incidência entre meninas brancas. Esse dado evidencia uma disparidade significativa, refletindo não apenas problemas de vulnerabilidade social, mas também questões estruturais como o racismo e o machismo.

A pesquisa também revelou que em cerca de metade dos casos de estupro contra crianças e adolescentes os agressores são membros do círculo familiar das vítimas. Esse dado sublinha a necessidade urgente de enfrentamento não apenas dos agressores desconhecidos, mas também daqueles que estão próximos, em ambientes supostamente seguros como o lar.

Ao longo dos anos analisados pelo estudo, houve um crescimento significativo no número de denúncias por parte das vítimas negras, indicando um possível aumento na conscientização e na disposição de relatar esses crimes. No entanto, o aumento no número absoluto de registros de estupro no país, que passou de 7.617 para 39.661, é alarmante e reflete a persistência de um problema grave de violência sexual.

Alisson Santos, um dos pesquisadores envolvidos, apontou a vulnerabilidade socioeconômica como um fator crucial que expõe as mulheres negras a um maior risco de serem vítimas de abuso, especialmente quando os crimes são cometidos dentro do ambiente doméstico. Ele destacou que a menor inserção no mercado de trabalho e os salários mais baixos contribuem para maior dependência das vítimas em relação aos seus agressores.

Para Fillipi Nascimento, também autor do estudo, as vítimas enfrentam múltiplas camadas de vulnerabilidade, exacerbadas pelo racismo e pelo machismo enraizados na sociedade brasileira. Essas camadas de vulnerabilidades evidenciam a necessidade de políticas públicas mais eficazes e de ações concretas para proteger as crianças e adolescentes negras contra a violência sexual.

Em síntese, os dados apresentados pelo estudo do Insper revelam uma realidade preocupante e também chamam atenção para a urgência de medidas que enfrentem as raízes estruturais e culturais da violência sexual contra as crianças e adolescentes negras no Brasil.

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