Nem sempre um final de semana na Fórmula 1 é sobre pódios, motores ou vitórias. Às vezes, ele é sobre humanidade. E neste sábado (2), foi isso que Lewis Hamilton mostrou ao mundo.
Após ser eliminado ainda no Q2 no treino classificatório para o GP da Hungria — e terminar apenas em 12º — o heptacampeão mundial desabafou em entrevista à Sky Sports:
“Eu sou inútil. Absolutamente inútil.”
A declaração, carregada de frustração, surpreendeu não só pelo conteúdo, mas pela sinceridade crua de quem sempre foi gigante dentro e fora das pistas.
Questionado se o problema era o carro da Ferrari — sua nova equipe — Hamilton respondeu sem hesitar:
“O problema não é o time. Você viu um dos carros na pole, então… eles provavelmente precisam mudar de piloto.”
Enquanto Charles Leclerc, seu companheiro de equipe, conquistava a pole, Hamilton enfrentava um dos piores desempenhos de sua carreira no circuito de Hungaroring. E ali, diante das câmeras, não era o piloto que falava. Era o homem. O ser humano cansado, pressionado, talvez duvidando até de si mesmo por um momento.
Lewis Hamilton não sobe ao pódio desde 2023 e não vence um campeonato desde 2020. Mas sua presença continua sendo uma das mais marcantes na história da Fórmula 1. Não apenas pelos números, mas por tudo o que ele representa: um corpo negro acelerando onde sempre disseram que ele não deveria estar. Uma voz firme contra o racismo, a desigualdade e o silêncio.
Esse desabafo não é sinal de fraqueza — é sinal de coragem. De quem, mesmo com sete títulos mundiais, carrega nas costas a cobrança de ser perfeito o tempo todo. E que, ainda assim, tem a honestidade de dizer quando não está bem.
Hamilton é gigante. E gigantes também sentem. Também erram. Também choram.
E talvez por isso mesmo ele seja tão essencial. Porque nos lembra que por trás do capacete, existe um coração.