A falta de educação está nos levando à barbárie

Por: Rosana Rocha

Esse é um dos momentos mais difíceis que nosso país enfrenta na atualidade. Desde o “achamento” do Brasil, em 1500, nosso país foi marcado pela violação de direitos, por episódios de discriminações, preconceitos e violências. Basta lembrar o modo como os povos originários, os indígenas, e como os africanos, trazidos para serem escravizados, foram tratados durante nossa colonização. Basta verificar o como esses povos e seus descendentes são tratados na atualidade. Os noticiários recentes nos mostram todos os dias o quanto os direitos desses grupos sociais e de outras “minorias” continuam a ser violados.

Infelizmente, a história mundial, por diversas vezes, mostrou e mostra que os seres humanos não têm seu valor respeitado, não têm seus direitos garantidos. As chamadas minorias, tidas por alguns como inimigos, são tratadas como objetos que podem ser descartados e eliminados, em um processo de reificação, em que o ser humano deixa de ser sujeito e se torna coisa.

No período em que os nazistas estiveram no poder, construíram Auschwitz, um grande campo de concentração para trabalho forçado e extermínio daqueles que eles consideravam ser inimigos. Nesse lugar de violação de direitos, foram assassinados pelo menos 960.000 judeus, 74.000 poloneses, 21.000 ciganos, 15.000 prisioneiros de guerra soviéticos, além de 10.000 a 15.000 civis de outras nacionalidades. Um lugar de morte e sofrimento, que tinha em sua entrada a inscrição “ARBEIT MACHT FREI”, que significa o “o trabalho liberta”. Uma frase “fake”, como muitas outras que existem hoje e que escondem por trás daquelas pessoas que fazem uso delas, demagogia e hipocrisia: se fala uma coisa, mas se faz outra!

Uma palestra de Theodor Adorno, em 1965, deu origem ao texto “Educação após Auschwitz”. Nesse texto, é feita uma reflexão sobre o genocídio ocorrido nesse campo de concentração, criticando a barbárie dos nazistas contra os judeus e outras “minorias”. Os questionamentos que Theodor faz são: “como aquilo foi possível?”, “como os nazistas puderam violar tantos direitos, sem que as pessoas se colocassem contrárias?”. Assim como hoje, naquela época, havia “inimigos” a serem combatidos, o que fazia com que as pessoas aceitassem tudo, até mesmo colaborarem ou se omitirem diante da violação de direitos e do extermínio de outros. Infelizmente, tudo ocorreu e ocorre por conta da Educação, ou melhor, da falta de uma Educação adequada, que leve o sujeito à conscientização, à problematização, à ação. O que houve em Auschwitz, assim como o que ocorre hoje no Brasil, é uma falta de educação com princípios humanistas e civilizatórios.

Uma frase de Theodor é conclusiva: “A exigência que Auschwitz não se repita é a primeira de todas para a educação”, ou seja, precisávamos tornar a educação uma educação humanista, fundada no respeito ao outro, no respeito ao valor, à dignidade humana, pois só assim poderíamos evitar que o genocídio e as violações ocorridas em Auschwitz se repetissem.

Somos um país que tolera ações e falas discriminatórias, preconceituosas, machistas, homofóbicas, porque nos falta Educação! Com uma falta de Educação que permite a violação de direitos, que desumaniza, que extermina, que nos faz perder princípios civilizatórios.

Qual é o futuro de sociedade que queremos construir? Certamente, até agora, falhamos enquanto um país educador, mas até quando continuaremos falhando? Se permanecermos no erro, nossa falta de educação nos levará à barbárie. Que possamos ser educados o suficiente para impedir que isso ocorra!

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