Revista Raça Brasil

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A força de Ana Maria Gonçalves na ABL

A Academia Brasileira de Letras (ABL) vai viver um momento histórico nesta sexta-feira (5). Pela primeira vez em quase 130 anos, uma mulher negra ocupará uma das cadeiras de imortal: Ana Maria Gonçalves, escritora mineira de 55 anos, autora do premiado Um Defeito de Cor.

A trajetória de Ana Maria é de coragem e reinvenção. Publicitária até os 30 anos, ela decidiu largar a carreira para se dedicar à escrita — e acabou mudando não apenas a própria vida, mas também a forma como a literatura brasileira olha para a história do povo negro. Seu romance mais conhecido deu voz à experiência de uma mulher escravizada no século XIX, inspirado em Luísa Mahin, e se transformou em referência na luta por memória e representatividade.

Com sua chegada à ABL, Ana Maria resgata também a memória de Júlia Lopes de Almeida, escritora que ajudou a fundar a Academia, mas foi impedida de ocupar uma cadeira simplesmente por ser mulher. “Quando eu tomar posse, seremos apenas seis mulheres em um grupo de quarenta acadêmicos. Ainda é pouco, mas minha eleição é um aceno para que a Academia comece a se enxergar de verdade”, afirmou.

Ela lembra que, apesar dos avanços, o Brasil ainda convive com retrocessos quando o assunto é racismo:

“Hoje conseguimos falar dessas pautas em público, e isso já é um avanço. Mas não podemos recuar. A luta precisa continuar.”

A posse de Ana Maria Gonçalves não é apenas um feito individual. É um marco coletivo, que celebra a presença negra na literatura, abre caminho para novas vozes e reforça a importância de ocupar espaços que antes pareciam inalcançáveis.

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