A história da independência da Bahia

Veja a importância que a independência da Bahia teve para consolidar o processo de independência do Brasil

 

TEXTO: Redação | FOTO: commons.wikimedia.org | Adaptação web: David Pereira

 

Bandeira da Bahia | FOTO: commons.wikimedia.org

Bandeira da Bahia | FOTO: commons.wikimedia.org

Em Salvador, capital da colônia entre 1549 e 1763, as insatisfações que levariam ao rompimento total com Portugal podem ser vistas já no final do século 18. O sistema de estratificação social foi contestado por várias rebeliões das populações negras (escravos, libertos e livres), que levantaram-se coletivamente contra a escravidão. Em 1798, líderes negros propuseram ao conjunto de trabalhadores mecânicos e aos brancos liberais uma revolução libertária e democrática, aos moldes da Revolução Francesa de 1789, que ficou conhecida como Revolução dos Búzios, reprimida cruelmente. Esses episódios teriam importância singular anos mais tarde, quando essa mesma população negra alistou-se maciçamente no Exército Pacificador e, mesmo depois da ruptura com a metrópole portuguesa, lutaram bravamente por uma sociedade mais justa e igualitária, com destaque para a participação na Revolução da Sabinada, em 1837 e 1838, quando foram vítimas do mais terrível genocídio.

Somado aos levantes dos negros, outro aspecto que animou a luta pela Independência foi a oposição entre as elites portuguesas e as elites coloniais brasileiras. Embora algumas vezes solidários entre si – como nos termos do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves –, divergem radicalmente quanto à reorganização do Império Português, tendo na proposta portuguesa de recolonização do Brasil seu ponto de discórdia. Os deputados brasileiros fiéis às Cortes de Lisboa (Assembléia Constituinte do Império) rejeitaram definitivamente a proposta e mobilizaram suas Câmaras nas províncias para a Independência. Na Bahia, os primeiros conflitos ocorreram em 1821 – portanto, antes do grito do Ipiranga –, com mobilizações de militares e civis baianos que passaram a desafiar a Junta Provisória, dominada pelos portugueses. A situação ganhou contornos de confronto direto com a notícia da nomeação do brigadeiro Madeira de Melo para governar a Bahia. Daí em diante, ocorreram vários embates entre tropas brasileiras e portuguesas, tendo como saldo a tomada do Forte de São Pedro (no centro de Salvador) pelos lusitanos e a morte da Abadessa Sóror do Convento da Lapa, Joana Angélica, quando tentava impedir o ingresso de soldados portugueses no claustro feminino. Após a completa ocupação do Forte de São Pedro e a nomeação de Madeira de Melo para o governo da província, em março de 1822, dezenas de famílias e soldados brasileiros começaram a deixar Salvador rumo às vilas do Recôncavo (Santo Amaro, Cachoeira, São Francisco do Conde), onde foi organizada a resistência à ocupação portuguesa concentrada em Salvador. Localidades baianas reconheceram D. Pedro I como defensor perpétuo do Brasil, e reuniram voluntários e colaboraram com mantimentos e armamentos para formar o exército brasileiro que organizou a resistência.

Nos meses seguintes, a Bahia assistiu batalhas por terra e mar, tendo à frente o Exército Pacificador comandado pelo General Pierre Labatut. Esses conflitos ocorreram em Pirajá, Ilha de Itaparica, Canal do Funil, Cachoeira e no interior da Baía de Todos os Santos. As batalhas, com características de guerra civil, alcançaram seu ponto máximo entre maio e junho de 1823, quando, após a deposição de Labatut, o coronel Joaquim José de Lima e Silva assumiu o comando das tropas e comandou o cerco por terra à Salvador, auxiliado no mar pela esquadra comandada por Lord Cocharne.

Sitiada em Salvador, a Legião Constitucional – tropa portuguesa dirigida na Bahia por Madeira de Melo – se retirou na madrugada do dia 2 de julho de 1823. Aos primeiros raios do sol daquele dia, o Exército Pacificador entrou orgulhoso na cidade de Salvador para celebrar a vitória contra o conservadorismo e a opressão.

A guerra pela Independência do Brasil na Bahia foi um conflito relativamente curto (pouco mais de um ano), mas foi um dos episódios mais importantes para a consolidação da ideia de unidade do território brasileiro. Basta lembrar que, sem a Bahia, o novo país perderia uma das mais ricas e estrategicamente bem localizadas províncias do território, comprometendo a adesão de todo o Norte (Maranhão e Pará) à causa da Independência. Para Portugal, o controle da Bahia poderia, por exemplo, permitir possíveis investidas de reconquistar o Brasil. Ou seja, o desfecho do conflito no solo baiano interessava muito a ambos os lados, e a vitória dos partidários da causa do Brasil na Bahia foi fundamental para definir o que somos hoje como nação.

 

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