A PARCERIA ENTRE JAIR RODRIGUES E ELIS REGINA
Saiba mais sobre os anos de parceria entre dois dos grandes nomes da música brasileira
TEXTO: Eli Antonelli | FOTO: Divulgação | Adaptação web: David Pereira
Década de 1960. O Brasil estava intenso politicamente. Nos palcos, a voz rouca de Jair Rodrigues fazia suspirar. A canção marcante na época era Deixa isso pra lá, de Alberto Paz e Edson Menezes. E lá foi o jovem cantor divulgar o sucesso no Rio de Janeiro. “Era um garotão e para ouvir boa música, sempre gostei e gosto de conhecer novos artistas na noite. E foi num desses momentos que parei no bar Beco das Garrafas e dei de cara com uma menina chamada Elis Regina. Já tinha ouvido falar, mas nunca tinha conversado com ela”, relembra. Mas foi somente no início de 1965 que o encontro entre os dois aconteceu. Jair era considerado o “garfinho de outro” do programa Almoço com as Estrelas, apresentado por Airton e Lolita Rodrigues na extinta TV Tupi. Em um sábado à tarde, Jair passou por um corredor e deu de cara com Elis. “Eu disse a ela: ‘Poxa, aquele dia eu queria tanto conversar com você, dizer que sou seu fã e queria pegar um autógrafo’. E ela respondeu com toda a sua graça: ‘Então, empatou, porque eu tenho ouvido muito falar em você e também quero um autógrafo”, conta. Os dois riram muito e a brincadeira continuou. Durante a gravação do programa, o apresentador percebeu a boa dinâmica entre os dois – que riam e conversavam muito. “Ele disse: “Poxa vida, Cachorrão, você e a Pimentinha não param de conversar. Esses eram os nossos apelidos.”Airton sugeriu que cada um cantasse uma música do outro.
“Eu cantei Menino das Laranjas – e começa a cantarolar – menino que vai para a feira beber sua laranja até se acabar. Era um dos sambas dela que estava aparecendo muito naquele período. É de Otelo de Barros, o mesmo autor de Disparada. E ela cantou Deixa isso pra lá”, relembra Jair, emocionado. Depois desta brincadeira, a gravadora que produzia o disco de ambos percebeu a energia boa que havia entre os dois. No dia 8 de abril de 1965, Jair foi fazer um show no Teatro Paramount e lá, pela primeira vez, se apresentou com Elis. Fizeram um show com João do Trio. “Foi um grande espetáculo, agradou tanto que fizemos mais duas apresentações. E a gravadora produziu um disco que vendeu mais de um milhão de cópias. Fomos contratados pela Record e fizemos o inesquecível programa O Fino da Bossa. Sobre a parceira Elis, Jair tem dificuldade em apontar qual a música foi a mais marcante na voz de Elis. Para ele não há como escolher, pois todas são maravilhosas. E o canto segue a opinião da maioria dos fãs da Pimentinha. “Elis é única!”.
Tanto carinho e sinergia entre os dois, porém, renderam muitos incômodos e mentiras, como os comentários que davam conta de que Jair e Elis mantiveram uma relação amorosa, coisa que o incomoda bastante até hoje. “Esses comentários são grosseiros e desrespeitosos, por outro lado, muitas pessoas vêm falar comigo e elogiam toda a parceria e amizade que vivemos juntos”, afirma.