Iniciar uma nova jornada é sempre um convite a revisitar o caminho já trilhado. Estrear como colunistas da Revista Raça é, para nós, mais do que uma oportunidade profissional. É um marco simbólico daquilo que acreditamos desde o início da nossa trajetória: a comunicação, quando feita com verdade, criatividade e representatividade, é capaz de abrir portas, transformar narrativas e gerar impacto real na vida das pessoas.
Somos Dayane Oliveira e Letícia Sotero, mulheres nordestinas, sócias e co-fundadoras da Asminas Conteúdo Digital. Há cinco anos, decidimos empreender em um cenário ainda pouco aberto para reconhecer a potência criativa das mulheres do Norte e Nordeste do país. Na época, o desafio era duplo: mostrar que existia inovação e excelência para além do eixo Rio–São Paulo e, ao mesmo tempo, construir um negócio liderado por mulheres pretas que ousavam se posicionar como protagonistas em um mercado competitivo.
A Asminas nasceu desse encontro entre coragem e propósito. Queríamos mais do que apenas prestar serviços de marketing digital e estratégia de influência. Nosso desejo sempre foi o de criar uma agência que carregasse identidade, que valorizasse as histórias locais, os sotaques, os estilos e os olhares diversos que formam o Brasil. Desde o primeiro briefing, nos comprometemos a unir estratégia, regionalismo e representatividade, criando projetos capazes de conectar marcas às pessoas de forma autêntica, sem estereótipos e sem fórmulas prontas.
Essa aposta não foi em vão. Ao longo desses cinco anos, conquistamos clientes de diferentes segmentos, conduzimos campanhas de alto impacto e mostramos que é possível entregar resultados sem abrir mão da essência. Em 2024, fomos reconhecidas nacionalmente ao lado da Bayer, com o case premiado da marca Gino Canesten, que nos deu ainda mais visibilidade e reafirmou aquilo que sempre defendemos: quando a comunicação nasce da escuta e da valorização das vivências reais, ela toca, conecta e transforma.
Esse reconhecimento, no entanto, não foi construído de forma isolada. Ele é reflexo de um movimento muito maior, de uma geração de profissionais e criativos do Norte e Nordeste que vêm reivindicando espaço, projetando suas vozes e mostrando que talento não tem CEP. Nossa presença como colunistas aqui, portanto, também carrega essa responsabilidade: trazer para o debate nacional as contribuições, tendências e narrativas que emergem dos nossos territórios.
Acreditamos que a comunicação vive hoje um momento de virada. As pessoas não se conectam mais apenas com mensagens publicitárias; elas buscam verdade, pertencimento e representatividade. Nesse contexto, a influência se torna uma ferramenta poderosa, mas também exige responsabilidade. E é sobre isso que queremos conversar ao longo das próximas edições: como unir estratégia criativa e propósito, construindo narrativas que não apenas vendem produtos, mas também inspiram mudanças culturais.
Falar sobre regionalismo é, para nós, uma das maiores riquezas da comunicação. O Brasil é múltiplo, diverso e cheio de identidades que se cruzam. Ao trazer essa pluralidade para dentro das campanhas, não só ampliamos a representatividade, como também criamos novos referenciais de beleza, comportamento e estilo de vida. Quantas meninas e mulheres podem se enxergar em uma propaganda quando veem seus cabelos, suas peles, seus sotaques e suas histórias ali refletidos? Quantos jovens podem sonhar mais alto quando percebem que o mercado de comunicação também pode ser um lugar para eles?
É esse magnetismo que nos move. A cada projeto, buscamos construir experiências que unam emoção e resultado, criatividade e estratégia, visibilidade e impacto. A Asminas existe para provar que é possível, sim, gerar negócios relevantes enquanto se valoriza quem somos e de onde viemos.
Assumir esta coluna na Revista Raça é mais um passo nesse propósito. Aqui, queremos compartilhar aprendizados, provocar reflexões e apontar tendências. Vamos falar sobre o mercado da comunicação, os caminhos da influência, os desafios e as oportunidades que surgem para profissionais negros e negras, especialmente aqueles vindos do Norte e Nordeste. Queremos, sobretudo, construir um espaço de diálogo, em que cada texto seja um convite à ação e ao reconhecimento do nosso valor coletivo.
Temos consciência de que ocupar esse espaço é também um ato político. Ser colunistas em uma revista que há décadas celebra e valoriza a cultura negra brasileira é, para nós, motivo de orgulho e responsabilidade. Nossas vozes se somam a tantas outras que, antes de nós, abriram portas e pavimentaram caminhos. Agora, é a nossa vez de contribuir, de deixar nossa marca e de inspirar outras mulheres a acreditarem no poder de suas ideias.
Este é apenas o começo. Ao longo dos próximos meses, esperamos que esta coluna seja um espaço de troca, inspiração e representatividade. Que seja um lembrete de que a criatividade nordestina e nortista é, sim, uma força capaz de transformar o mercado da comunicação e, mais do que isso, de transformar a sociedade.
Seguimos juntas, com coragem, criatividade e propósito, porque acreditamos que quando mulheres negras do Norte e Nordeste contam suas próprias histórias, o Brasil inteiro tem a chance de se reinventar.