Adolescente negro diz que foi agredido e chamado de ‘macaco’ em escola
Agressões ocorreram na entrada da E. E. Pedro de Mello, em Piracicaba (SP), e teriam sido cometidas por estudante e pai. Policiais encontraram munição deflagrada na casa dos suspeitos.
O aluno negro de 17 anos que foi agredido por um outro estudante, de 15 anos, e o pai desse estudante na entrada da Escola Estadual Pedro de Mello, em Piracicaba (SP), afirmou à EPTV, afiliada da TV Globo, que as agressões ocorreram após sua irmã
ser chamada de “vagabunda” pelo adolescente agressor.
No momento em que era alvo de mata-leão e socos, na manhã desta segunda-feira (5), o jovem afirma ainda que foi chamado de “macaco” pelo homem que o agredia.
“Tinha dois alunos da sala da minha irmã falando sobre corpo de mulheres, falando mal. Daí ela ouviu e olhou para eles e falou que era feio isso que estavam fazendo. Daí um desses meninos olhou para ela e chamou ela de vagabunda”, diz sobre o caso que teria acontecido no dia 26 de maio.
Ao saber da ofensa que a irmã havia sofrido, o jovem relata que foi tirar satisfação.
“Mandei ele pedir desculpa para ela na minha frente. Falei que se ele mexesse com ela mais uma vez, ficasse de gracinha, ele iria entrar num BO.”
Diante da confusão, os alunos envolvidos chegaram a receber uma suspensão de dois dias.
Agressão e ofensa racial
Já na manhã de segunda-feira (5), ao descer do transporte escolar para entrar na unidade, o adolescente de 17 anos conta que o outro aluno teria o surpreendido aplicando um mata-leão, enquanto o pai desse aluno aplicou um soco no rosto.
De acordo com o relato da vítima, no momento das agressões, o homem teria a chamado de “macaco”.
“Fui pego de surpresa. Ele [homem] veio perguntando para mim: ‘você sabe quem eu sou?’. Nisso, o filho dele veio por trás de mim e me deu um mata-leão e me segurou pelos dois braços. Tentei me soltar. Daí o pai dele falou: ‘segura ele aí, esse macaco'”, diz a vítima.
Segundo o boletim de ocorrência, policiais militares analisaram câmeras de segurança da unidade e foram até a casa dos suspeitos, que não foram localizados.
Na residência, no entanto, havia uma cápsula deflagrada de munição calibre .38 caída na garagem, embaixo de um caminhão.
O caso foi registrado como lesão corporal, injúria racial e posse irregular de arma de fogo no 2º Distrito Policial (DP) de Piracicaba. A Polícia Civil investiga as circunstâncias.
Já o adolescente agredido ficou com escoriações pelo corpo.
O que diz a Secretaria de Educação?
Procurada, a Secretaria Estadual de Educação disse que, no momento do ocorrido, funcionários da escola que acompanhavam a entrada dos estudantes intervieram e acionaram as autoridades de segurança pública.
“A gestão escolar prestará todo o apoio necessário ao estudante e uma equipe regional do Programa de Melhoria da Convivência e Proteção Escolar (Conviva SP) irá até a unidade para intensificar estratégias de mediação de conflitos entre os alunos”, complementou.