Há exatamente 62 anos, 25 de maio de 1963, em Adis Abeba, capital da Etiópia, 30 corajosos chefes de Estados africanos, dentre eles os Presidentes de Gana, Líbia, Sudão, Marrocos, Libéria, resolveram se unir para enfrentar o colonialismo europeu no continente africano e criaram a Organização da Unidade Africana (OUA), hoje União Africana (UA).
À época, os principais países em luta armada pela libertação eram África do Sul, Angola, Moçambique e Rodésia (hoje o Zimbabwe) que tiveram apoio total OUA, desde o primeiro momento.
Esse passado glorioso de luta, coragem e ousadia das lideranças africanas no enfrentamento com o colonialismo europeu, parece estar de volta à África, particularmente na região do Sahel (região da África Ocidental).
Os novos líderes africanos (todos militares) como, General Assimi Goita (41 anos), General Abdourahamane Tiani, (62 anos) do Níger, Coronel Mamady Doumbouya, (45 anos), da Guiné Conacri e Capitão Ibrahim Traoré Presidente de Burkina Faso, Ibrahim Traoré (37 anos) estão retomando os ideais do Pan africanismo e confrontando abertamente o neoliberalismo e suas expressões mais funestas no continente: guerras, roubos dos recursos minerais e subalternidade política aos interesses europeus.
Dessa nova leva de lideranças africanas, a maior expressão política, tanto na África quanto no exterior, tem sido o Presidente Ibrahim Traoré, que além de ser o mais jovem do grupo, é também um líder ousado e carismático.
Ao assumir o poder em Burkina Faso, em 2022, adotou medidas radicais e necessárias a soberania nacional. Encerrou acordos militares históricos com a França, que mantinha o país sob o domínio neocolonial. Revogou concessões de ONGs e veículos franceses como RFI e France 24, e deu início a uma nova política externa.
A exploração da França e seus aliados europeus em Burkina Faso é escandalosa, além de criminosa. Apesar de ser um dos cinco maiores produtores de ouro da África, com mais de 70 toneladas por ano, 90% da sua produção está sob controle de multinacionais.
Rico em minerais nobres, como o manganês, cobre, bauxita e urânio, não consegue fazer uso das suas riquezas para tirar seu povo da mais absoluta miséria.
Com a descoberta de importantes reservas de petróleo no país, esse ano, mais uma vez, os colonizadores tentaram retomar o controle político do país, disseminando acusações contra o Presidente Traoré e tentando assassiná-lo, em várias ocasiões, numa prática recorrente do imperialismo na África.
Não nos esqueçamos dos assassinatos de Thomas Sankara, (Burkina Faso), Patrice Lumumba, (República Democrática do Congo), Samora Machel (Moçambique), Amílcar Cabral (Cabo Verde) e mais recentemente de Muammar Gaddafi (Líbia) que foram eliminados barbaramente pelos serviços secretos europeus quando do processo de independência e da tentativa de autonomia desses países do colonialismo.
No caso de Ibrahim Traoré, não fosse o apoio da China e da Rússia, garantindo inclusive sua segurança pessoal, bem como da população, que em massa saiu em defesa do seu Presidente, mais essa experiência de autonomia e independência teria naufragado.
Traoré é hoje um ícone da juventude africana, que representa os anseios da África contemporânea, no caminho da liberdade plena, do uso pleno dos seus recursos estratégicos para a melhoria das condições de vida de suas populações.
Suas falas viralizam nas redes sociais e suas afirmações tem entusiasmado outros líderes africanos, a seguirem o mesmo caminho.
Torçamos, para que o renascimento africano cantado em prosa e verso nas reuniões da UA se transformem em realidade pelas mãos desses jovens líderes africanos e que a celebração do Dia da África em 2025 seja o prenúncio de uma nova era de transformação, paz e prosperidade para a África e os africanos.
“não seremos mais escravos disfarçados de independentes”
“nosso ouro não servirá mais para enriquecer bancos suíços”
Ibrahim Traoré
Toca a zabumba que a terra é nossa!