Festival reúne as Damas da Bossa em encontro histórico.
Em tempos de lançamentos acelerados e hits que mal sobrevivem ao algoritmo, um encontro como o de Alaíde Costa e Claudette Soares é mais do que um show: é um lembrete de que a música popular brasileira respira fundo, se reinventa e permanece.
No palco São Paulo Square, (12/09) no festival The Town, duas vozes históricas vão compartilhar a memória de um país. Alaíde Costa, aos 89 anos, continua sendo uma das vozes mais doces e seguras da MPB. Sua trajetória, marcada por delicadeza e coragem, sempre foi ponte entre tradição e invenção. Não por acaso, foi a única mulher convidada a gravar no lendário álbum Clube da Esquina (1972), marco definitivo de Milton Nascimento e do grupo mineiro que revolucionou a música popular.
Claudette Soares, aos 87, é chamada de “A Princesinha da Bossa Nova”. Sua carreira se entrelaça à própria história do gênero que redefiniu o Brasil nos anos 1960. Além de interpretar composições de Carlos Lyra e Roberto Menescal, também dialogou com a irreverência da Jovem Guarda. Seu maior sucesso, De Tanto Amor, foi presente de Roberto Carlos — e segue emocionando gerações.
Ver essas duas mulheres no mesmo palco é mais do que um espetáculo, é uma experiência histórica. Elas já dividem o projeto “As Damas da Bossa”, que costura uma antologia refinada do gênero. Mas no convite da The Square Big Band, há uma novidade: a sofisticação de uma orquestra completa para sustentar melodias que nasceram à beira do violão.
Assistir a esse show é revisitar a história, mas também é apostar no futuro. O festival apresenta um line-up diversificado, no Palco Quebrada se destaca o rapper KayBlack que soma sucessos como “Desejos”, “Mistérios” e “Licor 43”, além de parcerias com Luísa Sonza, Vulgo FK, L7NNON e seu irmão MC Caverinha.
Duquesa, uma rapper baiana de Feira de Santana que vem conquistando espaço como uma das vozes mais potentes e promissoras do RAP BR. No palco Factory, Kaê Guajajara é uma cantora, compositora, atriz, escritora e ativista indígena maranhense.
Pertencente ao povo Guajajara, utiliza sua arte como uma poderosa ferramenta de resistência e valorização das culturas indígenas.
Essa diversidade musical é um ato de celebração, memória e da pluralidade da música popular brasileira.