O álbum “80 anos – Remixes”, lançado nesta quinta-feira (31), vai muito além de um tributo musical — ele é um reencontro com nossas raízes. Produzido por Mario Caldato Jr., o projeto revisita a obra da Orquestra Afro-Brasileira, grupo criado em 1942 que marcou a história da música nacional ao unir instrumentos africanos e ocidentais, ritmos como jongo, maracatu e batuques, e uma espiritualidade pulsante.
As faixas ganham nova vida nas mãos de artistas como Emicida, Criolo, Marcelo D2, Rael, Tropkillaz, Daniel Ganjaman, entre outros nomes que se conectaram com a obra de forma genuína. Cada remix carrega afeto, respeito e um desejo comum: manter viva a memória de um legado musical invisibilizado por muito tempo, mas que é essencial para entendermos quem somos enquanto povo.
A Orquestra, que nasceu ligada ao Teatro Experimental do Negro, foi uma forma de afirmação cultural e resistência. Mesmo após a morte de seu criador, Abigail Moura, e de seu principal mantenedor, Carlos Negreiros, a força dessa música segue ecoando — agora repaginada, sem perder sua essência.
“Foi tudo feito com amor. Ninguém cobrou nada. Todo mundo entendeu o valor desse projeto”, conta Mario Caldato. E esse valor não está apenas nas melodias — está na ancestralidade que vibra em cada batida, na dignidade de uma história que precisa ser contada, e no poder de usar a arte como cura, resistência e conexão.
“80 anos – Remixes” não é apenas um disco. É memória em movimento. É um chamado para olharmos para trás com respeito e, ao mesmo tempo, avançarmos com consciência de onde viemos. Um presente para quem acredita que a cultura afro-brasileira é, sim, parte do nosso coração enquanto nação.