Quando Aline Pellegrino entrou em campo pela última vez, em 2013, dificilmente imaginaria que o Brasil um dia sediaria uma Copa do Mundo feminina. Do Pacaembu para os bastidores do futebol, a ex-capitã da seleção brasileira trocou a zaga pelo desafio de estruturar a modalidade no país.
Hoje, como gerente de competições da CBF, Aline carrega uma missão que vai além dos gramados: abrir portas para as próximas gerações.
— “É hora de mostrar quem somos, o que fazemos e aonde podemos e queremos chegar. Essa Copa é das mulheres”, afirma.
Da resistência à mudança
Nascida em 1982, um ano antes da regulamentação do futebol feminino, Aline cresceu em meio a limitações e preconceitos. O primeiro “não” veio do pai, que não queria que a filha jogasse bola. Mas a insistência falou mais alto: “Eu só queria brincar. Precisei disputar espaço com os meninos e provar que era capaz. Isso nos fez resilientes”, lembra.
Essa resiliência a levou à seleção, à faixa de capitã e, depois da aposentadoria, ao desafio de transformar o cenário da modalidade.
Avanços que inspiram
Na CBF desde 2020, Aline ajudou a criar a Série A3 do Brasileirão, ampliar o calendário de jogos e investir em competições de base. Hoje, meninas têm oportunidades que sua geração nunca teve.
“Antes não existiam torneios de base. Eu cheguei à seleção com 22 anos sem nenhuma experiência em categorias inferiores. Agora, as atletas já chegam preparadas, com muito mais minutagem”, destaca.
Muito além do futebol
Para Aline, o legado da Copa do Mundo de 2027 precisa ultrapassar os limites do esporte: “É pensar no papel da mulher na sociedade. É dar visibilidade, gerar impacto, mudar culturas. Não é só estádio cheio ou título, é transformação”.
E quando fala de futuro, ela não esconde o sonho: “Espero que seja com o Brasil campeão. Mais do que isso, espero que essa Copa marque uma nova era para as mulheres”.