Alunos da PUC Rio fazem novo protesto contra o racismo

Um grupo de estudantes da PUC-Rio realizou, na última quinta-feira (7), novo protesto contra o racismo na Universidade. O coletivo de estudantes Nuvem Negra percorreu os corredores da universidade com palavras de ordem e voltaram a colar cartazes, que haviam sido arrancados pela extrema-direita. Os estudantes também leram um manifesto dirigido a Universidade. O mote mais imediato deste protesto foi a prática de racismo cometida por alunos da própria PUC durante os Jogos Jurídicos em Petrópolis.

Nas universidades particulares, sobretudo, as de maior prestígio, o reflexo da opressão racial é demasiado evidente; a presença do negro é extremamente diminuta e a ideologia racista domina todos os âmbitos da Universidade, manifestando-se mais ou menos abertamente a depender da correlação de forças e da situação política geral. O golpe de Estado e o governo golpista,  evidentemente, criam uma situação favorável a manifestações racistas mais explícitas, e práticas abertamente fascistas contra a população negra, na medida em que é um governo dos opressores e exploradores do povo negro e dos trabalhadores do país

Uma destas manifestações e que motivou protestos, se deu nos jogos jurídicos, atividade esportiva entre Universidades. Ao sair de uma partida de futebol, em que sua equipe venceu a PUC-Rio, o estudante da Universidade Católica de Petrópolis, Maicon Nascimento, 26 anos, foi atingido por uma casca de banana. o insulto veio da Torcida da PUC.

Os estudantes da PUC -Rio protestaram contra o racismo manifestado por estudantes da Universidade e colaram cartazes no CA denunciando o racismo. Os cartazes foram, porém todos arrancados pela extrema-direita racista da Universidade. O que motivou este novo protesto.

 

Leia aqui o manifesto dos Estudantes contra o racismo da direita:

Lélia González (presente); Zumbi dos Palmares (presente); Luísa Mahin (presente); Luiz Gama (presente); Mãe Beata de Iemanjá (presente); Patrice Lumumba (presente); Abdias do Nascimento (presente); Marielle Franco (presente); Dandara (presente); jovens de Costa Barros (presente); Cláudia Ferreira (presente)!

Escute bem, PUC-Rio!

Nós, alunos negros da PUC-Rio (presente), Cefet (presente), UFF (presente), Uerj (presente), UFRJ (presente), não toleramos racismo! E viemos aqui pedir providências. O racismo está enraizado no longo processo acadêmico da PUC e se perpetua até hoje. O histórico recorrente nos trotes, em sala de aula e nos jogos, evidencia o racismo institucional na universidade. Que se torna hostil pelo racismo, e não representativo para alunas e alunos negros, indígenas e periféricos.

O racismo não é um problema apenas da PUC-Rio. O racismo é um problema de todas as Universidades! O que ocorreu nos Jogos Jurídicos não foi pontual. A conduta praticada pela delegação da PUC-Rio demonstra que ainda temos muito o que avançar! Não descansaremos enquanto não garantirmos um ambiente seguro para os alunos negros, seja nos Jogos como em todos os espaços universitários. A PUC também é nossa por direito!

A postura adotada pela Atlética de Direito da PUC-Rio, bem como por outros alunos da faculdade, além de desrespeitosa, é racista. A omissão em relação ao ocorrido, desde fingir assinar uma nota, alegar que as denúncias são apenas boatos, não assumir a responsabilidade, arrancar cartazes de protesto, tudo isso faz com que a delegação, bem como toda a faculdade de Direito da PUC, seja também responsável pelos atos racistas praticados em Petrópolis.

O comportamento tido pelos alunos até agora, com enfoque na Atlética de Direito, demonstra desacordo total com o exposto na reunião da Liga que, ainda em Petrópolis, concordou com o compromisso de manter uma postura antirracista. Enquanto nenhuma atitude for tomada, vocês vão continuar sendo coniventes com o ocorrido e consequentemente legitimadores de atos racistas.

Quando bradamos que o povo preto é povo unido, dizemos que ao atacar uma pessoa negra, está atacando a todos nós! E, todos nós, cientes dessa agressão, responderemos em conjunto!

A nossa nação foi estruturada por 338 anos de cultura escravocrata, 130 anos se passaram desde que a escravização de corpos negros deixou de ser legitimada legalmente. Até que essa estrutura se modifique, não vamos nos calar contra crimes que diariamente nos matam e nos silenciam.

Exigimos comprometimento da PUC-Rio e da Atlética de Direito com a aplicação de uma educação antirracista! Exigimos mudanças estruturais e curriculares em todos os cursos de graduação! Exigimos a contratação de professores negros! Nos recusamos a ocupar as posições subalternas que sempre nos deram. Omitir atitudes que combatam o racismo institucional em nossa sociedade não é apenas ser conivente com as estruturas desiguais de poder que se mantém há séculos por aqui. É permanecer com as mãos sujas de sangue das cotidianas mortes de negros e negras submetidos ao sistema opressor desse país.

POVO PRETO UNIDO, POVO PRETO FORTE.

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