Autora de Um Defeito de Cor, que inspirou enredo da Portela, é cogitada para cadeira na Academia Brasileira de Letras
A escritora Ana Maria Gonçalves, autora do aclamado romance Um Defeito de Cor, está entre os nomes cogitados para ocupar a vaga deixada pelo filólogo Evanildo Bechara na Academia Brasileira de Letras (ABL). Bechara faleceu na semana passada, aos 97 anos. A possível candidatura de Ana Maria, noticiada por Ancelmo Gois em sua coluna no ‘O Globo’, pode sinalizar um movimento de renovação na composição da instituição centenária – fundada pelo escritor negro, Machado de Assis.
Ana Maria Gonçalves ganhou reconhecimento nacional e internacional com seu romance histórico publicado em 2006. A obra narra a trajetória de Kehinde, uma mulher negra africana escravizada em busca do filho. Em 2024, a Portela levou o livro para a avenida com o enredo “Um defeito de cor”, despertando ainda mais atenção para a narrativa e impulsionando as vendas do título, que chegou a esgotar em diversas livrarias.
Antes de Ana Maria, a também escritora Conceição Evaristo concorreu à cadeira número 7 em 2018, mas perdeu para o cineasta Cacá Diegues, apesar do forte apoio popular e acadêmico. À época, o episódio levantou críticas sobre o elitismo e a falta de diversidade da instituição — questão ainda latente, como apontado pela Revista Raça ao noticiar a baixa equidade de gênero, mesmo com a eleição recente de Miriam Leitão.
A entrada de Ana Maria Gonçalves na ABL representaria um passo importante em direção à ampliação da representatividade racial e de gênero na Casa de Machado de Assis. Ainda que a eleição para a vaga de Bechara não tenha sido oficialmente convocada, o nome da escritora já mobiliza leitores e intelectuais que veem em sua obra um marco da literatura afro-brasileira contemporânea.