Ativista e filósofa norte-americana conversou com Flavia Cirino em entrevista para a edição comemorativa de 28 anos da Revista Raça
A filósofa e ativista Angela Davis foi a grande protagonista da edição 257 da Revista Raça, que celebrou os 28 anos da publicação. Em conversa com a jornalista Flavia Cirino, Angela Davis destacou a força do feminismo negro no Brasil e ressaltou a importância da troca de saberes entre diferentes culturas e movimentos sociais.
“Conheço parte da cultura do Brasil. Acho que não seria certo visitar vocês e não saber. Até porque sou dos Estados Unidos e lá muitas pessoas pensam que só eles têm as respostas para todas as coisas”, afirmou a ativista.
Angela Davis destacou que o feminismo negro não tem uma sede única e que é fundamental acompanhar o que acontece em outras partes do mundo. “Nenhum feminismo negro está sediado lá [nos Estados Unidos] e sempre defendi que somos obrigados a descobrir o que está acontecendo em outras partes do mundo porque há muito o que aprender”, acrescentou.
Davis fez questão de exaltar a força feminina no Brasil, especialmente das mulheres negras, mencionando a filósofa e escritora Sueli Carneiro como uma das principais referências. “O conhecimento tem que ir em ambos os sentidos, não apenas de uma maneira. Sempre me senti um pouco incomodada com isso. Sempre fui vista no Brasil como uma feminista negra e me surpreendi porque sou apenas uma entre milhares, talvez centenas de milhares em todo o mundo”, refletiu. “Fico muito feliz de também termos acesso, no mundo, ao trabalho da Sueli Carneiro.”
A ativista ressaltou a importância da colaboração e do aprendizado mútuo para fortalecer o feminismo negro global. “É fundamental reconhecer e valorizar as contribuições de mulheres negras de diversas partes do mundo, como Sueli Carneiro, que tem desempenhado um papel crucial na luta por justiça social e igualdade no Brasil”, destacou Davis.
Para a filósofa, o feminismo negro deve ser visto como uma rede interconectada de vozes e experiências, cada uma contribuindo de forma única para a causa. “A luta das mulheres negras no Brasil é inspiradora e poderosa. Ao aprender com elas e compartilhar nossas próprias experiências, podemos criar um movimento mais inclusivo e eficaz”, completou.
Angela Davis finalizou reafirmando seu compromisso com a solidariedade global e a importância de continuar a luta por igualdade e justiça para todas as mulheres negras. “A verdadeira força do feminismo negro reside na nossa capacidade de nos unir, aprender umas com as outras e lutar juntas por um mundo melhor”, concluiu.
Sobre Angela Davis
Angela Davis é uma das intelectuais e ativistas mais influentes do século XX e XXI. Professora emérita da Universidade da Califórnia, em Santa Cruz, Davis é reconhecida mundialmente por sua atuação nos movimentos pelos direitos civis, justiça racial e igualdade de gênero. Autora de diversas obras fundamentais para o pensamento crítico contemporâneo, sua trajetória é marcada pelo compromisso com os direitos humanos e pela defesa incansável das populações marginalizadas.
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