Aniversário Milton Santos

Em meados da década de 1990, foi diagnosticado em Milton Santos um câncer de próstata. Na madrugada de 24 de junho de 2001, ele faleceu aos 75 anos.

Considerado um dos mais renomados intelectuais do Brasil no século XX, foi um dos grandes nomes da renovação da geografia no Brasil ocorrida na década de 1970. Embora graduado em Direito, destacou-se por seus trabalhos em diversas áreas da geografia, em especial nos estudos de urbanização do Terceiro Mundo e por seus trabalhos sobre a globalização nos anos 1990. Sua obra caracterizou-se por apresentar um posicionamento crítico ao sistema capitalista e seus pressupostos teóricos dominantes na geografia de seu tempo.

Foi professor da Universidade Federal da Bahia, da Universidade Paris 1 Panthéon-Sorbonne, da Universidade Columbia, Universidade de Toronto, da Universidade de Dar es Salaam e da Faculdade de Filosofia, Ciências Humanas e Letras da USP, onde se tornou professor emérito. Em alguns anos da sua trajetória profissional, conciliou suas atividades acadêmicas com consultorias a Organização Internacional do Trabalho, a Organização dos Estados Americanos e a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, além de ter participado da Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo.

Ele também escreveu mais de 40 livros, publicados não apenas no Brasil, como também em países como França, Reino Unido, Portugal, Japão e Espanha.

Recebeu diversos títulos acadêmicos e honrarias, entre os quais o prêmio Vautrin Lud, o de maior prestígio e uma espécie de Nobel na área da geografia, e também foi agraciado postumamente em 2006 com o Prêmio Anísio Teixeira.

Um pouco mais de sua carreira

Em 1964, logo após o golpe militar que instituiu a ditadura no Brasil, Milton foi preso e enviado para o 19º BC, no Cabula, onde parte de sua equipe do laboratório e seus amigos iam visitá-lo diariamente. Em junho, na véspera do dia de São João, devido a um início de AVC, Milton foi levado ao hospital e depois foi solto.

Foi pesquisador convidado no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, onde trabalhou com Noam Chomsky. É no MIT que Milton prepara sua grande obra, O Espaço Dividido (1979).

Após seu regresso ao Brasil, Milton lecionou na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) como professor visitante, até 1983. Em 1984 foi contratado como professor titular pelo Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo (USP), onde permaneceu mesmo após sua aposentadoria.

Em 1978, publicou o livro “Por uma Geografia Nova”, onde critica os parâmetros existentes e pede pela renovação dessa ciência. Produzindo muito, antes e depois do exílio, o impacto de suas obras no Brasil foi enorme. Além de lecionar e orientar novos mestres e doutores, seus trabalhos permitiram novos estudos e caminhos para entender a organização e o impacto de uma nova geografia nos tempos atuais. Em 1994, conquistou o Prêmio Internacional de Geografia Vautrin Lud, equivalente ao Nobel de Geografia. Foi o único brasileiro e latino-americano a receber tal honraria.

Milton Santos continuou lecionando na USP até sua aposentadoria, em 1997 e depois como professor convidado, na FFLCH.

Morte

Milton Santos foi diagnosticado em um câncer de próstata em meados da década de 1990. Apesar disso, manteve um ritmo de trabalho intenso e seguiu lecionando na USP até 2000, ano no qual lançou dois novos livros. Em junho de 2001, o quadro da doença agravou-se e o geógrafo foi internado no Hospital do Servidor Público Estadual. Na madrugada de 24 de junho de 2001, ele faleceu aos 75 anos, apresentando um quadro grave de insuficiência respiratória aguda. Ele foi sepultado no Cemitério da Paz, também em São Paulo.

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