Antonieta Barros: primeira mulher negra eleita no Brasil

Por: Hamalli Alcântara

Nascida em Florianópolis, em 11 de junho 1901, logo a abolição tinha acontecido 13 anos antes, sua mãe, Catharina do Nascimento Waltrich, carregava no nome a força brutal do escravismo, o sobrenome é determinado pelo nome do seu ex-proprietário Lourenço Waltrich. Seu pai, o jardineiro Rodolfo José de Barros, satisfaz a expectativa de vida para negros na época e falece muito cedo, deixando a esposa, Antonieta e três irmãos.

Um fato interessante deve ser levado em conta na história de Antonieta Barros: a prova da necessidade de ofertarmos acesso ao conhecimento, informação, troca de experiência, para produzirmos uma juventude negra consciente. Dona Catharina transformou a casa em pensão para estudantes, e foi por esse convívio que Antonieta foi alfabetizada. Além da pensão, Dona Catharina trabalhava como doméstica na casa do político Vidal Ramos, pai de Nereu Ramos, que no futuro se tornou vice-presidente do senado, chegando a assumir a Presidência da República. Evidentemente esse caldeirão influenciou sobremaneira a vida de Antonieta de Barros.


Nunca se casou, não teve filhos, católica fervorosa, Antonieta acreditava que a educação seria a alavanca fundamental para emancipação feminina. Ingressou aos 17 anos na Escola Normal Catarinense. O “curso normal” em todo o Brasil era para formação de professores das séries iniciais. Um ano depois de entrar na Escola Normal cria o Curso Particular Antonieta de Barros. Uma ação tão espetacular como essa, hoje seria considerada um exemplo de empreendedorismo, autoestima e confiança no que faz. Foram 30 anos na educação.

Mas o magistério era apenas uma das suas atividades, atuou como jornalista e escritora, em 1922 fundou e dirigiu o jornal A Semana, dirigiu em 1930 a revista Vida Ilhoa. E Em 24 de fevereiro de 1932, foi instituído o Código Eleitoral Brasileiro, e as brasileiras conquistaram o direito de votar e serem votadas, a eleição acontece em 1934 e Antonieta Barros concorre a uma vaga de Deputada Estadual pelo PLC-Partido Liberal Catarinense; tornou-se suplente e como Leônidas Coelho não tomou posse, assumiu o mandato na primeira legislatura entre 1935-1937.

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