Arquivo Raça: Quem não aprendeu com Maya Angelou?

Edição 228 – Redação

Comecei a ler Maya Angelou recentemente, ainda em 2021. Em um processo íntimo, vivendo o luto pessoal de morte da idealização de maternidade que criei na minha cabeça, fui pega em cheio pela relação que a escritora, nascida nos EUA em 4 de abril de 1928, tinha com as matriarcas de sua família.

O primeiro livro que li foi o aclamado “Eu sei porque o pássaro canta na gaiola” e senti tanta empatia por Maya, criada com vó,crescendo esforçando-se para entender seus sentimentos, compreender o mundo e realidades muitas vezes tão cruéis. Maya Angelou, Vivian Baxter Johnson (mãe da escritora) e a avó,Annie Henderson, são mulheres que me emocionaram. Que me ajudaram a compreender as individualidades humanas e a urgência de tomar a responsabilidade de nossas ações e,principalmente,de reconhecer nossa própria força.

Eu li “Cartas para minha filha” e me senti acolhida. Mesmo não sendo mãe de mulheres, ela escreve para filhas, grupo do qual me senti parte. O livro começa “Minha vida está sendo longa,e, acreditando que a vida ama quem a vive, ousei tentar muitas coisas – às vezes tremendo, mas ainda assim ousando”. Nada mais encorajador para nos ajudar a continuar.

Li “Mamãe & Eu & Mamãe” e admirei ainda mais a reconstrução das relações entre Maya e minha mãe. Olhar para as pessoas com sinceridade e para o que elas têm de pior, as humaniza. Maya me ajudou a me perceber humana. Para mim, Mayara é raiz. Vivian Baxter é raiz. Annie Henderson é raiz.

E você, lembra de quem são suas raízes? Celebra quem veio antes? Celebra Quem Nunca Deixou De Falar sobre o povo preto e seu legado? Em 26 anos de fundação a Revista Raça, primeira publicação voltada para o povo preto, pode sim ser considerada e valorizada como nossas mais velhas que chegaram primeiro e abriram caminho, mostrando que é possível continuar, aperfeiçoar, ser melhor e maior.

Comentários