As mulheres negras na revolução haitiana
Carlos Machado
Mulheres negras auxiliaram no transporte de armas, canhões e munições. Elas serviram como enfermeiras, contando com medicamentos à base de plantas e populares para tratar os rebeldes em áreas remotas com pouco ou nenhum recurso. Também trabalhavam como espiãs, se passando por profissionais do sexo e comerciantes, a fim de transmitir mensagens e obter informações sobre os franceses. Na década de 1790 Victoria Montou serviu no exército revolucionário e era tia de Dessalines. Antes da revolução, Montou e Dessalines foram escravizados. Era inteligente e enérgica, e compartilhou com Dessalines o mesmo ódio pela escravidão. Comandou soldados durante as batalhas. Em 1804 Dessalines se tornou imperador. Em ela faleceu e recebeu um funeral de Estado. Henriette Saint Marc foi uma espiã e traficante de armas para o Exército de Toussaint durante a revolução. Ela foi fundamental para a revolução haitiana, não somente por suas informações e fornecimento de armas, mas também por ser responsável pelas emboscadas feitas para matar os soldados franceses. Foi presa e condenada a pena de morte em 1802, o que causou uma revolta ainda maior entre os escravizados.
A imperatriz Marie-Claire Heureuse Felicité Bonheur durante a revolução atuou como enfermeira, cuidando dos feridos e salvando muitas vidas, ela foi responsável por liderar uma procissão de mulheres e crianças com comidas, roupas e remédios para atender cidades sitiadas, como aconteceu com Jacmel em 1800. Félicité trabalhou no campo da educação onde aconselhou e ensinou o seu povo a ler e escrever. Durante 1804 a 1806 ela foi a Imperatriz do Haiti ao lado de seu marido Dessalines.
Marie Claire prestou serviço de saúde, sendo enfermeira dos guerrilheiros.
Catherine Flon era costureira, patriota e heroína nacional. Ela é considerada um dos símbolos da Revolução Haitiana e da independência. Ela é comemorada por costurar a primeira bandeira haitiana em 1803 e mantém um lugar importante na memória da Revolução. Sua imagem foi apresentada em uma nota de 10 gourdes, emitida em 2000. Marie Sainte Dédée Bazile ficou conhecida como Défilée-la-folle,
ou Défilée, a Louca. Ela teve vários filhos concebidos por estupro cometidos por seu mestre branco e pelo assassinato de seus pais por soldados franceses. Após o assassinato do líder revolucionário Jean-Jacques Dessalines, ela foi responsável por reunir seus restos em decomposição, remontar os pedaços de seu corpo mutilado em Port Larnage e garantir que ele fosse enterrado com dignidade.
Hoje Dédée é aclamada como um ícone da Revolução Haitiana, um símbolo da “loucura” do compromisso do povo haitiano com sua terra.
Ela é considerada uma das quatro heroínas simbólicas da independência do Haiti, ao lado de Sanité Bélair, Catherine Flon e Cécile Fatiman. A história do Haiti é composta por grandes mulheres que precisam ser conhecidas no mundo. O Haiti é a única república negra de 35 países que compõem o nosso continente americano.