As revoltas da Balaiada e da Cabanagem

Oswaldo Fuastino aborda a história de duas das mais importantes revoltas do Brasil: A Balaiada, no Maranhão, e a Cabanagem, no Pará

 

TEXTO: Oswaldo Faustino | FOTO: Reprodução | Adaptação web: David Pereira

Cabanagem, conflito no Pará entre 1835 a 1840) | FOTO: Reprodução

Cabanagem, conflito no Pará entre 1835 a 1840) | FOTO: Reprodução

Neste breve texto, quero destacar duas revoltas: a Balaiada e a Cabanagem. A primeira com a população pobre maranhense se rebelando contra fazendeiros locais que, obviamente, se valeram das forças militares imperiais para combatê-los. E a outra dos moradores em cabanas mocambos na região de Belém. Todos já vimos pelo menos um filme, ou lemos algum livro que revela os métodos violentos dos fazendeiros, chamados “coronéis”, para manter seu monopólio, explorar e dominar os agricultores mais humildes, garantindo a realização de seus objetivos políticos e econômicos. E foi contra isso que grande parte da população pobre do Maranhão se revoltou. Estes fazendeiros comandavam a região e usavam a força e violência para atingirem seus objetivos políticos e econômicos.

Sob a liderança de Raimundo Gomes, o Balaio – que invadiu a prisão de Vila Manga para libertar o próprio irmão e acabou soltando todos os detentos – os demais revoltosos, que também passaram a ser chamados de “balaios”, tomaram a Vila de Caxias e organizaram uma Junta Provisória. Apesar de contar com o apoio de militares das províncias vizinhas e das forças imperiais, o governo maranhense sofreu várias derrotas. Raimundo se entregou e a revolta passou a ser liderada pelo ex-escravo Cosme Bento que, por mais dois anos, deu muito trabalho aos repressores. Aos poucos, muitos “balaios” também se entregaram e foram anistiados. Praticamente sozinho, Cosme Bento resistiu até ser preso e enforcado, em 1841.

Balaiada, maranhenses se rebelaram contra fazendeiros locais de 1838 a 1841

Balaiada, maranhenses se rebelaram contra fazendeiros locais de 1838 a 1841

Na província vizinha do Pará, mestiços, negros e indígenas que moravam em cabanas nas beiras de rios e viviam em absoluta miserabilidade. Oportunistas, comerciantes, fazendeiros e intelectuais revoltados com relação ao presidente da província nomeado pelo governo regencial, aproveitaram para mobilizar os “cabanos”, que invadiram e ocuparam a cidade de Belém.

Enquanto os pobres, entre eles muitos quilombolas, buscavam uma condição de vida minimamente humana, as elites queriam a independência do grão Pará. Um fazendeiro local foi colocado na presidência da província, mas os cabanos o assassinaram e colocaram em seu lugar um lavrador, que foi sucedido por outro trabalhador na roça. O resultado final foi a morte de mais de mais de 40 mil cabanos em cinco anos de conflitos. Algumas nações indígenas, como os murá e os mauê, foram praticamente exterminadas pelos militares.

Quem visita Belém, nos dias de hoje, se depara, logo na entrada da cidade, com um monumento intitulado Memorial da Cabanagem, projetado por ninguém menos que o saudoso eterno comunista, o arquiteto Oscar Niemeyer. É, Dona Rosinha, independência incruenta, não é mesmo? Obrigado, Niemeyer!

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