Associação da advocacia negra é lançada para combater racismo no Direito
Um dos objetivos é aumentar a participação de profissionais negros em órgãos públicos e privados.
Advogadas e advogados negros de todo o Brasil se reuniram na última quinta-feira, 29, para o lançamento oficial da ANAN – Associação Nacional de Advocacia Negra. O evento foi realizado na Alesp – Assembleia Legislativa de São Paulo.
De acordo com seu fundador, o advogado Estevão Silva, a criação da ANAN é um avanço nacional e histórico no incentivo da participação de operadores do Direito negros em órgãos públicos e privados.
“A criação da ANAN é o maior avanço nacional contra o racismo nas últimas décadas, de modo elegante nós estamos quebrando um grande tabu brasileiro, talvez mundial.”
A entidade, que reúne advogados de diferentes Estados do país, já tem mais de 1.500 profissionais associados e foi criada em 2016, mas agora teve seu lançamento oficial.
De acordo com seu criador, “o brasileiro tem muita resistência em reconhecer a existência do racismo, quando o reconhece, sempre o relaciona a pobreza, os menos escolarizados, aqueles em posições subalternas e aqueles que não têm acesso a informação”. Para ele, este será um dos objetivos da associação: demostrar que até os advogados, juízes, promotores e procuradores, que vivem a defender o direito alheio, e que na maioria das vezes são bem escolarizados, continua sendo vítima do crime de racismo e discriminação.
“A ANAN também é um avanço histórico por que ela desvenda o racismo e discriminação na estrutura interna da Justiça, ela não e um encontro de advogados negros. É a declaração de que a estrutura judiciária não integra o membro negro altamente qualificado.”
Entre os objetivos da ANAN está também o de nortear advogados negros em diversos aspectos, como aprimorando conhecimentos profissionais, pessoais e intelectuais.
O causídico afirma que a comunidade negra em geral e a advocacia negra têm demandas específicas que precisam ser tratadas com a atenção necessária e, nesse sentido, a ANAN se posiciona para sanar deficiências de outros órgãos no tratamento de prerrogativas. A associação terá legitimidade de propor ações civis públicas, ação popular, participar de atos públicos, etc. “Deste modo, agora os interesses da população negra estarão salvaguardados pelos verdadeiros interessados e legitimados na justiça e equidade para o povo negro.”