Ateliê de brinquedos faz sucesso fabricando bonecos negros
Os bonecos têm a pele negra e os cabelos crespos, tudo pra conquistar um consumidor até então esquecido: os afro-brasileiro.
Mais da metade da população brasileira se declara negra, mas 97% das bonecas vendidas na internet são brancas. Pensando nisso, um ateliê no Rio de Janeiro de brinquedos educativos faz bonecas que reproduzem o perfil da maioria do povo brasileiro. Os bonecos têm a pele negra e os cabelos crespos, tudo pra conquistar um consumidor até então esquecido: os afro-brasileiros.
Jaciana Melquiades e o marido Leandro Melquiades começaram a fazer bonecas e bonecos informalmente em 2011. Ano passado, pegaram R$ 22 mil em um financiamento coletivo e investiram na compra de equipamentos, matéria-prima e na certificação junto ao Inmetro.
Os potenciais consumidores dessas bonecas, a população negra no Brasil, tem baixo poder aquisitivo, por isso elas não podem ter preço muito alto. O desafio é baixar custos. Para isso há um aproveitamento total do tecido, com um metro é possível fazer entre 60 e 70 bonecas.
A boneca almofada custa R$ 25 e o modelo que fica em pé, R$ 60. “O cabelo é de lã, dá ideia do cacho, de cabelo mais volumoso. Ela também desmonta e a criança consegue contemplar pessoas que tenham alguma deficiência, que é demanda também que chegou pra gente”, conta Jaciana.
Em 2017, a empresa mudou de status e passou de MEI para microempresa, com faturamento de R$ 90 mil, 60% a mais do que em 2016. O crescimento que exigiu treinamento dos funcionários. A mão de obra é o maior desafio. Por isso, foi preciso pensar em toda linha de produção, todas as etapas de fabricação, para conseguir encontrar pessoas e qualificá-las.
O casal tem planos para o futuro. “Conseguir abrir a fábrica de brinquedos na Baixada Fluminense e desenvolver um modelo de negócio que seja replicável em outros ateliês”, afirma Jaciana.