Atividades afrocentradas promovem a diversidade na infância
Jaciana e Leandro Melquiades, fundadores de “Era Uma Vez o Mundo”, um negócio de impacto social que nasceu em 2017, em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, para suprir a falta de produtos voltados para crianças negras, inauguraram este ano a primeira loja exclusiva de bonecas negras do Brasil. Agora, trazem mais uma novidade para a criançada: o Espaço de Brincadeiras Artesanais Afrocentradas (EBAA).
“A ideia do EBAA é trazer o retorno ao brincar mais artesanal, desconectando a infância das tecnologias eletrônicas e conectando com o afeto, a troca, a colaboração e o brincar em família”, explica Jaciana, que é historiadora.
Para eles, é importante sensibilizar o público e trazer de volta o hábito das brincadeiras em coletivo. “Queremos possibilitar que crianças exerçam o direito ao lazer que lhes é assegurado, estabelecendo conexões entre seus pares. Com isso, é possível ampliar a relação de compartilhamento de saberes entre crianças e adultos através da colaboração”.
E já é possível se programar para se divertir com as brincadeiras do EBAA. Em outubro, mês das crianças, acontecerão alguns eventos gratuitos. “A gente está organizando encontros gratuitos com o público. Por lá, faremos venda de bonecas e livros”, diz Leandro.
A programação também se estende para outros estados. “Estamos planejando junto à organização da Feira Preta, que é nossa parceria desde 2014, uma ação de brincadeiras e jogos educativos, em São Paulo, para os meses de novembro e dezembro.”
Atualmente, uma equipe de oito profissionais cuida do crescimento da empresa e busca parcerias que os permitam crescer sem comprometer o foco principal: a responsabilidade com a transformação a partir da Educação.
Preocupação semelhante tem Kemla Baptista. Pedagoga, escritora e contadora de estórias. Há 10 anos no Rio de Janeiro, criou o projeto “Caçando Estórias”, uma proposta de arte e educação para a diversidade.
“Realizei atividades no Rio e em Pernambuco. Foram encontros com educadores, crianças, espetáculos e sessões de contos em escolas, centros culturais, comunidades tradicionais de terreiro e comunidades quilombolas. A caminhada do Caçando Estórias é bem alinhada com a Lei No 10.639 e visa à promoção da leitura e da literatura afro-brasileira, a criação de estratégias para o enfrentamento do racismo religioso, bem como dar mais visibilidade a uma educação antirracista”, destaca.
Com pouquíssimos recursos, Kemla criou ainda um conteúdo afroeducativo para internet através do Instagram, podcast e do canal Caçando Estórias que é o primeiro canal brasileiro dedicado às africanidades para crianças no YouTube.
“Uma nova ação do Caçando, na qual eu faço resenhas lúdicas de livros afirmativos, conto histórias míticas dos Orixás, apresento vlogs e dicas de atividades para crianças, suas famílias e educadores. Em 2018, realizei o evento Aguerézinho – O Festejo dos Contos para celebrar os 10 anos de caminhada artística. O evento deu tão certo que teremos neste mês de outubro, no a segunda edição, no Museu da Abolição, no Recife”.