Ativista é alvo de racismo no aeroporto de Ceará
A pesquisadora e ativista Lindinalva Barbosa, aposentada e egbomi do Terreiro do Cobre, passou por uma situação de racismo religioso no aeroporto de Fortaleza, no Ceará. Ela estava voltando de uma palestra no evento “Samba de Axé Levanta Terreiro” quando, mesmo depois de passar pelos detectores de segurança, foi abordada e orientada a tirar o torço, uma peça sagrada de sua religião.
Lindinalva se recusou a retirar o torço, explicando que ele é uma indumentária sagrada e que ela tinha o direito de usá-lo. Ela contou que já tinha feito a viagem de ida com o torço e, para passar pelo raio-x, chegou a retirar as contas de metal e colocá-las na bandeja, como solicitado. Mesmo assim, uma funcionária do aeroporto continuou insistindo para que ela tirasse o torço e até pediu que apagasse as fotos que Lindinalva tirou da abordagem.
Perto do portão de embarque, a situação ficou ainda mais difícil quando dois agentes da Polícia Federal apareceram, dizendo que era proibido fotografar no local. Lindinalva se sentiu desrespeitada e constrangida, principalmente porque outros passageiros não estavam sendo tratados da mesma forma.
O caso foi denunciado por entidades religiosas, que compartilharam um vídeo da situação. Nonato Nascimento, organizador do evento em Fortaleza, destacou a importância de Lindinalva na luta pelas pautas das comunidades de terreiro, elogiando seu trabalho e coragem.
Depois do ocorrido, Lindinalva registrou um Boletim de Ocorrência e acionou o Ministério dos Direitos Humanos. Ela também está contando com o apoio da OAB, do Ministério Público e da Defensoria Pública para tomar as medidas necessárias.
A situação gerou muita indignação e apoio. Na Assembleia Legislativa da Bahia, o deputado Hilton Coelho apresentou uma moção de solidariedade à ativista. O Coletivo OfáOmi, que convidou Lindinalva ao Ceará, também se manifestou contra o ato de intolerância religiosa, reforçando a importância do respeito às tradições afro-brasileiras e da busca por justiça.