B3 cria índice inédito visando inclusão e diversidade no mundo corporativo

A poderosa B3, com a força e o respeito que tem do mercado, avança em uma medida que irá impactar de forma decisiva a inclusão e a equidade racial e de gênero,no alto escalão das empresas. Em medida que surpreendeu o mercado, B3 anunciou, neste início de semana, o iDiversa, primeiro índice da América Latina, que mede a diversidade de gênero e raça nos quadros funcionais de companhias listadas em bolsa. 

O objetivo central é incentivar as companhias, para que avancem na inclusão de grupos sub-representados no mercado de trabalho. Outro foco da medida é mostrar para os investidores a tese de investimento, que leva em conta as companhias que têm melhor performance em diversidade de raça e gênero. 

A nota de cada empresa considera a participação de mulheres, pessoas negras e indígenas, em todos os quadros das corporações – funcionários não líderes e líderes, diretoria e conselho de administração.  Quanto mais alto o cargo na hierarquia, maior a pontuação. Assim,  ter metade do conselho formado por mulheres garante mais pontos do que a mesma proporção na gerência. Isso também pode ocorrer com pessoas negras. Não por acaso, o Banco do Brasil, que hoje é presidido por uma mulher negra, sai na frente com altas pontuações ao lado de Hypera Pharma, Raia Drogasil, Sabesp e Renner, na versão inaugural do índice. 

Das medidas de combate ao racismo estrutural, que assolam instituições públicas e privadas, em nosso país,onde raramente encontramos pessoas negras nos cargos de comando, tal iniciativa tem um força especial, pois o índice não mede apenas a presença de uma ou outra cara preta para ganhar ponto e dizer que tem preto na área, mas quanto maior for a presença  negra e de mulheres em cargos de decisão, maior será a pontuação no índice.

Ainda é cedo para comemorar vitória na luta por uma maior participação de pessoas negras nos cargos de decisão, em um país onde mais da metade da população é formada por pessoas negras. Sabemos que os números otimistas das empresas, que estão saindo na frente, não se refletem nos governos estaduais, nas prefeituras, na presidência da maioria das empresas e, muito menos, nos conselhos de administração das grandes corporações. Mas medidas como a da B3 são importantes sinais que a diversidade e a inclusão, mesmo que de forma lenta,vieram para ficar, tanto no setor público como no setor privado e instituições que não atentaram para isso ficaram presas nos modelos racistas e fracassados do século passado.

Colunista: Mauricio Pestana

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