Revista Raça Brasil

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Bahia será berço de inovação para fortalecer o jornalismo negro e periférico

Com investimento de R$ 15 milhões, iniciativa quer fortalecer as vozes que transformam a comunicação a partir das margens

A comunicação brasileira está prestes a dar um passo importante em direção à pluralidade e à justiça social. Nesta segunda-feira (26), foi lançada a Incubadora de Soluções para o Jornalismo Periférico e Independente — um projeto que nasce com a missão de fortalecer as vozes que já ocupam os territórios, constroem narrativas próprias e resistem com informação.

Fruto de uma articulação entre a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom) e o Ministério da Igualdade Racial (MIR), a iniciativa será desenvolvida na Bahia, com o apoio da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti). Um investimento de R$ 15 milhões, viabilizado pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), garantirá estrutura, formação e sustentabilidade para que mídias negras, periféricas, indígenas e populares sigam fazendo o que já fazem tão bem: comunicar a vida real, com verdade, contexto e pertencimento.

O projeto foi anunciado na abertura do 15º Fórum da Internet no Brasil (FIB), espaço que antecede o Fórum de Governança da Internet, promovido pela ONU.

A base física da incubadora será o Parque Tecnológico da Bahia, onde acontecerá o processo de incubação e mentoria dos projetos. A Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI) ficará responsável pela parte administrativa, e a atuação conjunta com universidades e a Agência de Inovação DOM vai garantir que essas iniciativas recebam o suporte necessário para crescer com autonomia.

“O primeiro passo é mapear essas mídias que já existem, estão na ativa, resistindo. A partir daí, vamos conectar com o ecossistema de inovação do estado. A Bahia tem um histórico de olhar para o recorte racial nas políticas públicas, e começar por aqui tem um simbolismo muito forte”, afirma André Joazeiro, secretário estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação.

A ideia é construir pontes: entre território e tecnologia, entre saberes populares e conhecimento técnico, entre as vozes das comunidades e as ferramentas que ajudam a ecoá-las.

“Mais da metade dos municípios brasileiros ainda vivem em desertos de notícias. Isso significa que milhões de pessoas não têm acesso a informações sobre o que acontece no próprio território. Essa incubadora nasce para mudar isso”, explica Emmeline Oliveira, superintendente de Inovação da Secti. “Ao apoiar essas mídias, a gente combate a desinformação, promove cidadania e fortalece a democracia a partir da base.”

Além de apoiar diretamente iniciativas jornalísticas, o projeto integra o Plano Nacional de Comunicação para a Igualdade Racial e inclui outras frentes fundamentais: a criação de um banco de imagens com diversidade e representatividade, além de um conjunto de recomendações para enfrentar o racismo nos ambientes digitais.

A incubadora não é apenas uma ação institucional. É um compromisso com o futuro da comunicação no Brasil — mais diversa, mais justa, mais enraizada nas realidades que historicamente foram ignoradas. E começa agora, na Bahia.

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