Baile de favela: Do Brasil para o mundo
RIO – A ginasta Rebeca Andrade, de 22 anos, deu show em sua estreia na Olimpíada de Tóquio neste domingo e se classificou para três finais da modalidade: salto, individual geral e solo — embalada pelo hit “Baile de Favela”. A apresentação da brasileira ao som do funk foi bastante elogiada pelos seus fãs e até por celebridades, incluindo o autor da música que acompanhou suas acrobacias.
— Baile de Favela tá onde? Nas Olimpíadas, pai (risos). Vai segurando — disse MC João em story publicado no Instagram, no qual vibrou com a exibição da ginasta brasileira. “Pra cima Rebeca Andrade, traz essa amarelinha pra noiz (sic)”, escreveu.
Graças ao hit, lançado no final de 2015, a carreira de João Israel Simeão, o MC João, alavancou. “Baile de Favela” também foi um marco na expansão do funk de São Paulo. O clipe oficial no YouTube conta com mais de 230 milhões de visualizações. O que poucos sabem é que a letra foi criada no improviso.
— Fui gravar outra música. Mas esqueci a melodia. O produtor é muito rigoroso, chucro. Ele levantou e falou: ‘Tá uma bosta’. E agora, o que eu faço? Tinha um refrãozinho pronto e comecei: ‘Ela veio quente, hoje tô fervendo.’ Aí fui citando os bailes pelos quais passei. Todo mundo começou a pular no estúdio — disse o MC em entrevista ao portal G1 em 2016.
O sucesso da música, que após mais de cinco anos de seu lançamento continua nas playlists de brasileiros, permitiu que o cantor comprasse uma casa para ele e outra para sua mãe. Hoje, MC João gerencia o escritório “Baile de Favela Records”, aberto em março.
MC João, que tem 1,1 milhão de seguidores no Instagram, já foi pedreiro e office boy. Ele chegou a sustentar sua família com R$ 620 reais ao mês, após a morte de seu pai, quando tinha apenas 17 anos, conforme revelou em entrevista ao G1. O funk era uma válvula de escape, ao menos até ele decidir se dedicar exclusivamente a suas músicas.
Após a apresentação de Rebeca, a música alimentou a nostalgia de usuários, que comentaram a música escolhida pela ginasta. A prórpria atleta exaltou o hit após sua apresentação.
— Fiquei feliz com a minha série. Posso melhorar algumas chegadas, mas trazer a cultura do funk para o outro lado do mundo foi incrível. No Pan (de Lima, em 2019), vi o tanto de gente que me assistia e torcia para mim. Acho que a gente está passando um momento tão difícil que um pinguinho de felicidade faz diferença — disse Rebeca.