O Balé Folclórico da Bahia (BFB) iniciou, nesta sexta-feira (22), no Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro, a turnê nacional do espetáculo O Balé Que Você Não Vê. A apresentação, que celebra os 37 anos da companhia, lotou a casa e emocionou o público com a força da cultura afro-brasileira.
Neste sábado (23), o grupo retorna ao palco como parte da programação do MoviRio Festival, um dos maiores eventos de dança do país. Ao longo dos próximos meses, a turnê — realizada com apoio da Lei Rouanet e patrocínio do Will Bank — percorrerá cidades das regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste, como Campinas, São Paulo, Florianópolis, Goiânia e Porto Alegre. A expectativa é de que Norte e Nordeste também recebam o espetáculo em breve.
Um manifesto em forma de dança
Sob a direção de Vavá Botelho, fundador da companhia, O Balé Que Você Não Vê convida o público a mergulhar nos bastidores da arte e nas dificuldades de manter viva uma companhia que há quase quatro décadas preserva e difunde a cultura afro-brasileira. A montagem mescla coreografias inéditas com clássicos do repertório, como Bolero, Okan, 2-3-8 e a emblemática Afixirê.
“É um recado de que a gente existe neste país. São 37 anos de uma companhia reconhecida no mundo todo e, ainda assim, convivemos com invisibilidade dentro do Brasil”, destacou Vavá.
Reconhecimento fora, invisibilidade dentro
Com sede no Pelourinho, em Salvador, o BFB já se apresentou em mais de 30 países e 300 cidades. Em 1994, foi considerado o melhor grupo de dança folclórica do mundo pela Associação Mundial de Críticos. Nos Estados Unidos, a cidade de Atlanta chegou a instituir o Dia do Balé Folclórico da Bahia (1º de novembro), em homenagem à companhia.
Ainda assim, no Brasil, o grupo enfrenta o desafio de manter o apoio financeiro necessário para sobreviver, diante da pouca valorização das expressões folclóricas.
Um começo com axé
Para abrir a temporada no Rio, o BFB promoveu na quinta-feira (21) uma lavagem simbólica da escadaria do Teatro João Caetano. Bailarinos vestidos de branco, carregando flores e potes de água perfumada, ao som de atabaques, deram início à turnê com um gesto de ancestralidade e força coletiva — marca registrada da companhia.