Revista Raça Brasil

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Mulher negra se maquiando (Freepik)

Beleza negra movimenta bilhões e público segue insatisfeito

Com crescimento acelerado, setor deve atingir US$ 31 bilhões até 2034, mas consumidores negros seguem insatisfeitos com produtos e tratamentos padronizados

 

O mercado global de beleza negra deve alcançar US$ 31 bilhões até 2034, segundo projeção divulgada pela consultoria InsightAce Analytic no segundo trimestre de 2025. O número representa uma taxa de crescimento anual composta (CAGR) de 13,2% — um desempenho acima da média registrada no setor de beleza como um todo, que deve atingir US$ 580 bilhões até 2027, de acordo com a McKinsey.

Mesmo diante de um avanço expressivo em termos econômicos, a indústria da beleza ainda caminha lentamente quando o assunto é inclusão efetiva. Um relatório da própria McKinsey mostra que consumidores negros têm três vezes mais chances de se dizerem insatisfeitos com os produtos disponíveis no mercado, especialmente nas categorias de pele, cabelo e maquiagem.

Para a biomédica esteta Jéssica Magalhães, o problema vai além da oferta limitada. “O mercado da beleza ainda é subdesenvolvido em tratamentos para a pele preta. Trabalho há mais de dez anos com esse público e percebo uma grande demanda, mas poucos profissionais preparados para atendê-la”, afirma. Segundo ela, essa lacuna impacta diretamente na autoestima e na saúde dermatológica da população negra.

A especialista destaca que a ausência de protocolos específicos para peles negras contribui para danos cutâneos e resultados insatisfatórios. “Hipergmentação, quelóides e inflamações são mais comuns em peles negras. Ignorar essas especificidades é uma forma de negligência”, aponta.

Apesar da resistência do setor tradicional, cresce o número de profissionais independentes e marcas fundadas por pessoas negras que oferecem atendimento especializado. Dados do relatório Black Representation in the Beauty Industry, da McKinsey, indicam que consumidores negros demonstram maior afinidade por marcas que compartilham sua vivência — um fator que impulsiona empreendimentos com foco em representatividade real.

Segundo a biomédica, “falar em inclusão estética exige que a formação técnica contemple a diversidade de peles e corpos desde o início. Sem isso, a inclusão vira apenas marketing”, conclui.

Enquanto o setor movimenta bilhões, a pressão por mudanças estruturais cresce. Se as grandes marcas não acompanharem esse ritmo, correm o risco de perder relevância diante de um consumidor cada vez mais politizado e exigente.

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