Revista Raça Brasil

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Integrantes da banda Black Pantera (foto: reprodução).

Black Pantera vence Prêmio da Música Brasileira e reafirma a força negra no rock nacional

Ao conquistar a categoria Artista de Rock, a banda mineira Black Pantera amplia a representatividade negra no gênero e fortalece uma herança histórica muitas vezes invisibilizada no Brasil

 

A banda Black Pantera foi uma das grandes vencedoras da 32ª edição do Prêmio da Música Brasileira — agora intitulado Prêmio BTG Pactual da Música Brasileira — realizada na noite da última quarta-feira (4), no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. O grupo levou o troféu na categoria Artista de Rock, reforçando a potência e a presença negra em um gênero que, apesar de suas raízes africanas e afro-americanas, ainda é frequentemente associado à branquitude no Brasil.

Formado por Charles Gama (guitarra e vocal), Chaene da Gama (baixo e vocal) e Rodrigo Pancho (bateria), o Black Pantera é conhecido por suas letras contundentes e seu posicionamento político antirracista. A vitória no prêmio nacional consagra a trajetória da banda e amplia a visibilidade de artistas negros que reivindicam o rock como espaço legítimo de expressão negra.

Os integrantes da banda agradeceram ao público e reforçaram: “Isso é muito significativo, porque somos uma banda preta do interior de Minas Gerais. Representatividade importa!”

Também na categoria de rock, o Planet Hemp venceu o prêmio de Lançamento de Rock com o DVD Baseado em Fatos Reais: 30 Anos de Fumaça (Ao Vivo), celebrando três décadas de história. A cerimônia prestou ainda homenagem especial à dupla Chitãozinho e Xororó, reunindo artistas de diferentes estilos musicais em uma noite marcada por diversidade e celebração.

A vitória do Black Pantera não é apenas simbólica. É histórica. Como lembra o documentário Sister Rosetta Tharpe: The Godmother of Rock & Roll, citado em matéria recente da Revista Raça, as raízes do rock estão fincadas na música negra. Rosetta Tharpe, mulher negra e guitarrista pioneira, foi uma das grandes precursoras do gênero, misturando gospel, blues e ritmo com distorções que anteciparam o rock moderno.

O reconhecimento da presença negra no rock vem ganhando força nos últimos anos, com documentários, reportagens e artistas que desafiam estereótipos. Em 2023, quando Tina Turner faleceu aos 83 anos, a Revista Raça destacou a importância da artista como a verdadeira “Rainha do Rock”, lembrando que sua potência vocal, presença de palco e resistência racial e de gênero ajudaram a moldar o gênero no século 20.

Apesar disso, o rock brasileiro ainda carece de diversidade racial. O protagonismo de bandas como Black Pantera mostra que há espaço para romper esse padrão. Mais do que ocupar, esses artistas reconstroem — e recontam — a história do rock a partir de novas narrativas.

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