Com presença de Halle Berry no júri, Cannes 2025 destaca vozes negras, mas ainda enfrenta desafios de representatividade
A atriz norte-americana Halle Berry integra o júri oficial do Festival de Cannes 2025, reforçando o protagonismo negro em uma das edições mais diversas da história recente do evento. Berry, que venceu o Oscar de Melhor Atriz em 2002 por A Última Ceia — sendo até hoje a única mulher negra a conquistar a estatueta nesta categoria —, ajudará a escolher os vencedores da Palma de Ouro e outras premiações principais. O júri deste ano é presidido pela francesa Juliette Binoche.
Apesar dos avanços, a presença de pessoas negras ainda é rara nos júris e entre os premiados dos grandes festivais de cinema internacionais. Em 77 edições anteriores, Cannes premiou pouquíssimos artistas negros, e nenhum cineasta africano ou afrodescendente venceu a Palma de Ouro. A presença de Berry, assim como dos filmes protagonizados e dirigidos por pessoas negras, aponta para uma abertura simbólica, mas ainda distante da equidade no setor.
Entre os destaques deste ano, Highest 2 Lowest, de Spike Lee, estrelado por Denzel Washington, será exibido fora de competição. My Father’s Shadow, do nigeriano Akinola Davies Jr., integra a mostra Un Certain Regard, enquanto Osamede, de James Omokwe, representa o cinema africano no Pavillon Afriques. O Brasil também marca presença com O Agente Secreto, de Kleber Mendonça Filho, estrelado por Wagner Moura.
O cinema brasileiro já teve importantes reconhecimentos em Cannes. O Pagador de Promessas, de Anselmo Duarte, conquistou a Palma de Ouro em 1962 — até hoje, o único longa latino-americano a vencer o prêmio máximo. Outros títulos premiados incluem Central do Brasil (1998), que deu a Fernanda Montenegro o prêmio de melhor atriz pelo júri ecumênico, e Bacurau (2019), de Mendonça Filho e Juliano Dornelles, vencedor do Prêmio do Júri.
